O governo sofreu nesta quarta-feira uma derrota no Senado e não conseguiu impedir a aprovação de destaque que eleva para R$ 384,29 o valor do salário-mínimo. Por 30 votos a 27 e cinco abstenções, o destaque à medida provisória que fixou o mínimo em R$ 300, de autoria do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), foi aprovado no início da noite. A alteração, no entanto, ainda terá que ser apreciada pelo plenário da Câmara. Enquanto isso, o salário de R$ 300 continua em vigor.
A oposição comemorou e os governistas, atônitos, não sabiam explicar o que havia acontecido. Senadores da base aliada contribuíram para a derrota se abstendo ou votando contra o governo. Cinco senadores do PMDB (João Batista Motta (ES), José Maranhão (PB), Mão Santa (PI), Papaleo Paes (AP) e Sérgio Cabral (RJ) e dois do PSB - Antonio Carlos Valadares (SE) e João Capiberibe (AC) - votaram com a oposição. Dois petistas - Cristóvam Buarque (DF) e Paulo Paim (RS)-, o petebista Sérgio Zambiasi (RS) e o peemedebista Pedro Simon (RS) se abstiveram.
- Não sei o que aconteceu - repetia o líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante (SP), logo depois da derrota em plenário, acrescentando em seguida:
- Esse reajuste custará cerca de R$ 12 bilhões aos cofres públicos por causa do seu impacto nas contas da Previdência.
Segundo Mercadante, mesmo se o governo cortasse toda a previsão orçamentária para investimentos, não seria possível absorver o impacto desse reajuste. Ele disse esperar que a Câmara consiga reverter a mudança, aprovando novamente o mínimo de R$ 300.
- Se não mudarem na Câmara, há o risco de o texto ser vetado (pelo presidente da República) e voltarmos ao mínimo de R$ 260 - ponderou o líder do governo.
A Câmara terá que votar novamente a MP do mínimo até o dia 19 de agosto, prazo em que perderá a eficácia. Antes da derrota, por apenas um voto, o governo conseguiu evitar a aprovação de destaque que elevara o mínimo para R$ 310.
- O governo não teve força para derrubar a iniciativa da oposição - disse o líder do PFL, senador Agripino Maia (RN).