Pessoas com deficiência têm relatado problemas para acessar a área reservada para assistir ao show de Lady Gaga
, neste sábado (3) na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
O evento, realizado em espaço aberto, deve reunir público de cerca de 1,6 milhão de pessoas.
Segundo relatos publicados hoje (3) em redes sociais, a área reservada da praia foi invadida durante a manhã e a estrutura teria cedido.
Para o show, foi montado um palco e instaladas 16 torres com telões de 9 metros de altura por 5 metros de largura, permitindo que o público acompanhe a apresentação à distância.
A jornalista Jessica Paula disse à
Agência Brasilque o
tumulto teve início por volta das 9h, antes da abertura dos portões. Paraplégica, ela relatou que
pessoas sem deficiência invadiram o espaço reservado.
“A cena expôs falhas graves de planejamento e segurança, já que o espaço não contava com rota exclusiva de acesso nem controle efetivo de entrada”, disse.
Segundo a jornalista, a estrutura voltada às pessoas com deficiência foi improvisada, realizada às pressas na semana que antecedeu o evento. De acordo com Jessica Paula, foram reservadas duas áreas, com capacidade total para 160 pessoas cada (sendo 40 pessoas com deficiência e 40 acompanhantes) .
A jornalista contou ainda que uma das áreas oferece apenas visão do telão, sem visibilidade do palco, o que descumpre a legislação brasileira de inclusão. “Além disso, não há rota de acesso, nem informação ou sinalização — o que compromete a segurança”, criticou.
Outro relato é da artista Gio Gobo, PCD que está no espectro autista. Ela contou que
.
“Na área PCD está um caos, invadiram pessoas sem laudo, subiu e ainda ficaram zombando dos PCDs que estavam do lado de fora”, disse a artista.
O
Ministério Público do Rio de Janeirojá havia emitido, na última semana,
recomendação à prefeitura, à produtora Bonus Track, responsável pelo evento, para que garantissem medidas de acessibilidade.
“Após pressão do Ministério Público, da OAB e da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, foi prometida uma terceira área PCD, que deveria ser instalada na noite da sexta-feira”, afirmou Jessica. “Até o fim da tarde dessa sexta-feira, técnicos da secretaria ainda solicitavam que a organização colocasse ao menos uma bandeira para identificar o espaço”.
Segundo o MPRJ, a
recomendação foi motivada por informações que indicam a ausência de condições adequadas para garantir o acesso pleno de pessoas com deficiência ao evento. Os espaços estavam sem rotas acessíveis, sinalização adequada ou recursos de tecnologia assistiva, como audiodescrição e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras).
De acordo com a Riotur, são
disponibilizados dois espaços, um para 70 pessoas no setor A e outro para 80 pessoas no setor B. A
ocupação seria por ordem de chegada.
A reportagem tenta contato com a produtora e a prefeitura do Rio. O espaço está aberto para manifestações.