O Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) anunciou no último sábado que, em conjunto com autoridades estaduais e locais da Flórida, realizou uma operação que resultou na prisão de quase 800 pessoas em apenas quatro dias. A ação, descrita como “altamente bem-sucedida” pelo escritório do ICE em Miami, foi considerada uma parceria inédita entre o governo federal e forças estaduais de segurança.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, elogiou publicamente a operação, afirmando que ela representa um exemplo de colaboração entre o estado e o Departamento de Segurança Interna dos EUA. Em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), DeSantis declarou que a Flórida “lidera o país na cooperação ativa com a administração Trump nas ações de fiscalização e deportação de imigrantes”.
Segundo dados do Departamento de Segurança Interna (DHS), mais de 200 agências de segurança estaduais, municipais e distritais já assinaram acordos de colaboração com o ICE. Outras 70 agências estão em processo de adesão. Entre as forças envolvidas estão a Patrulha Rodoviária da Flórida, o Departamento de Polícia Estadual, a Guarda Estadual, além de órgãos como o Departamento de Polícia Ambiental e a Comissão de Conservação da Vida Selvagem.
Entretanto, a operação tem gerado críticas severas. Grupos de defesa dos direitos dos imigrantes apontam que essas ações forçam policiais locais a agir como agentes de imigração, o que pode prejudicar a segurança pública e gerar pânico entre imigrantes que vivem e trabalham legalmente no estado. “Esses policiais se formaram para proteger a comunidade, não para perseguir imigrantes”, afirmou Thomas Kennedy, porta-voz da Coalizão de Imigrantes da Flórida.
O clima de pressão é evidente em cidades como Doral, que possui a maior população venezuelana dos Estados Unidos. Mesmo com resistência, o conselho municipal da cidade aprovou por unanimidade um acordo com o ICE neste mês, citando exigências da legislação estadual. “Estamos sendo obrigados pelo estado a tomar certas medidas, sob ameaça de sanções criminais”, disse o procurador municipal Lorenzo Cobiella. “Todos aqui são filhos de imigrantes, e essa decisão é dolorosa.”
Outras cidades, como Fort Myers, inicialmente rejeitaram os acordos, mas voltaram atrás após o procurador-geral da Flórida enviar cartas alertando para a possibilidade de destituição de autoridades locais que se recusassem a cooperar.
O Departamento de Justiça dos EUA também entrou na disputa, afirmando que irá investigar e processar funcionários locais que dificultarem ações federais de imigração. Em paralelo, juízes e autoridades de outros estados enfrentam acusações criminais por supostamente ajudarem imigrantes a escapar de detenções.
A operação do ICE ocorre em meio ao aumento da pressão do ex-presidente Donald Trump, que busca intensificar o controle sobre a imigração irregular em sua campanha para retornar à Casa Branca. O efeito colateral, segundo críticos, é o aumento do medo, da desinformação e da vulnerabilidade entre comunidades inteiras.
Fonte: CNN