A quantidade de migrantes cruzando ilegalmente a fronteira sul dos Estados Unidos continua em patamares historicamente baixos, três meses após o início do governo Trump e sua ofensiva contra a imigração irregular. Dados internos do governo norte-americano obtidos pela CBS News revelam que, em abril, cerca de 8.400 pessoas foram detidas ao tentar entrar sem autorização pelo México.
Esse número representa um leve aumento em relação a março (7.200 detenções), mas é praticamente igual ao registrado em fevereiro (8.300). Ainda assim, os três meses compõem o período com menos apreensões mensais desde o início dos registros públicos da Patrulha de Fronteira, no ano 2000. Segundo dados históricos, a última vez que as detenções mensais ficaram abaixo de 9.000 ao longo de um ano foi no final dos anos 1960.
Autoridades do governo atribuem a queda a uma série de medidas rígidas impostas por Trump. O presidente vem endurecendo o sistema de asilo, autorizando deportações rápidas para o México ou países de origem, sem audiências judiciais. Tropas militares foram enviadas para reforçar a fronteira e, em alguns casos, ajudar na detenção de migrantes.
Além disso, programas criados durante o governo Biden que permitiam a entrada legal de certos grupos foram desmantelados. No interior do país, a fiscalização também se intensificou: as prisões passaram a incluir migrantes com permanência prolongada, e não apenas criminosos graves ou ameaças à segurança nacional, como era anteriormente.
Alguns migrantes foram até mesmo enviados à Base Naval de Guantánamo ou à prisão de segurança máxima em El Salvador, onde centenas de venezuelanos acusados de envolvimento com gangues permanecem detidos. Críticos, sobretudo democratas, denunciam as políticas como excessivamente severas e violadoras dos direitos dos migrantes. Muitas dessas ações estão sendo contestadas judicialmente.
Segundo Colleen Putzel-Kavanaugh, pesquisadora do Migration Policy Institute, o tom firme e as ações do governo têm feito migrantes reconsiderarem suas tentativas de entrar nos EUA. Ela destaca que ser deportado para o país de origem já é difícil, mas ser enviado para uma prisão de alta segurança em outro país é um novo nível de ameaça.
Putzel-Kavanaugh também lembra que a queda nas travessias começou ainda durante o governo Biden, após acordos com o México. A tendência se intensificou após uma ordem executiva de junho de 2024, que limitou drasticamente os pedidos de asilo. Ainda assim, a pesquisadora alerta que os fluxos migratórios podem mudar rapidamente.
Rolando Salinas, prefeito democrata de Eagle Pass, no Texas, relatou que sua cidade, antes epicentro da crise migratória, agora vive um cenário completamente diferente. “Os números estão super baixos — quase inexistentes”, afirmou.
Fonte: CBS