O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a abordar a crise política nesta quarta-feira, feriado da Independência, durante um aguardado pronunciamento em cadeia de rádio e televisão. Citando dados econômicos positivos, o presidente reafirmou que turbulências políticas não vão tirar o rumo de seu governo e que não permitirá que coloquem a economia do país em risco.
"Não podemos, de modo algum, é permitir que essa crise política seja manipulada por interesses menores e se alastre artificialmente, contaminando de modo abusivo e desnecessário a vida nacional. Por isso, faço questão de tranqüilizar as pessoas de bem, e advertir aos mal intencionados, que as turbulências políticas não vão tirar o governo do seu rumo. A política econômica será mantida, a política social continuará sendo ampliada, a política externa seguirá seu curso e a vigilância ética será redobrada", disse.
Mais enfático do que em seu discurso anterior --o de abertura da reunião ministerial no dia 12 de agosto--, o presidente repetiu de forma mais articulada o que tem dito em seus discursos de improviso, argumentando que a crise política será vencida com a punição dos culpados.
"Digo a vocês com toda a convicção: da mesma forma que soubemos vencer o desafio da crise econômica, e estamos vencendo o desafio da dívida social, saberemos superar com coragem e serenidade as atuais turbulências políticas. A crise política também será vencida, pelo Congresso, pelo governo e pelo povo brasileiro. Será vencida com a apuração cabal de todas as denúncias e com a punição rigorosa dos culpados. Nem eu nem vocês admitiremos qualquer contemporização, nenhum acordo subalterno. Doa a quem doer, sejam amigos ou adversários".
O presidente mencionou ainda os trabalhos da Polícia Federal, da Receita Federal, da CGU (Controladoria Geral da União) e das CPIs que estão em funcionamento no Congresso.
"O fundamental é que a verdade prevaleça e que não haja impunidade. Que as CPIs apurem, que a Polícia Federal investigue, que o Ministério Público denuncie, e que a justiça, soberana, julgue".
No pronunciamento que durou cerca de seis minutos, Lula lembrou que antes de assumir a presidência da República, o país atravessava uma profunda crise econômica e social. Citando dados sobre a geração de emprego nos seus 32 meses de governo, ele afirmou que o crescimento é para todos os brasileiros.
"Todos sabem que, quando eu assumi a Presidência, o Brasil estava mergulhado em uma profunda crise econômica e social. O quadro era assustador: a economia estagnada, o desemprego crescendo, a inflação disparando e a crise social prestes a explodir. Dessa vez, o crescimento é para todos, com geração de empregos e distribuição de renda. Graças a Deus, e a muito trabalho, nosso governo já criou 3 milhões e 200 mil novos empregos, com carteira assinada. Não é tudo que precisamos. Mas já é bastante e tenho orgulho disso".
Fazendo evocações ao feriado da Independência, Lula ainda prometeu que, este ano, o Brasil alcançará auto-suficiência na produção de petróleo.
"Permitam-me nesse dia da Pátria, dia da soberania nacional, celebrar com vocês uma grande conquista: este ano alcançaremos a nossa auto-suficiência na produção de petróleo, que tornará o Brasil muito menos vulnerável diante das crises internacionais".