Dos partidos aliados ao governo atingidos por denúncias de corrupção, o PTB e o PP conseguiram manter suas bancadas praticamente intactas, sobrevivendo ao troca-troca que mobilizou os políticos na última semana. Mesmo depois da renúncia do deputado Severino Cavalcanti (PE) da presidência da Câmara, o PP recebeu quatro novos parlamentares e perdeu três. A cassação do deputado Roberto Jefferson (RJ) interferiu pouco no tamanho do PTB e, entre perdas e ganhos, a bancada deve ficar com 44 deputados, três a menos que antes da eclosão da crise.
A mesma sorte não teve o PL, que perdeu muitos deputados. De uma bancada de 53 parlamentares em junho, deve ficar com 41. O presidente do partido, deputado Valdemar Costa Neto (RJ), foi obrigado a renunciar ao mandato federal para não ser cassado. E a principal estrela do PL, o vice-presidente José Alencar, preferiu seguir os evangélicos da Igreja Universal do Reino de Deus para o Partido Municipalista Renovador (PMR). A nova legenda arrastou deputados do PMDB e do PL, inclusive o bispo e senador Marcelo Crivella (RJ).
O PT é outro partido que perde. Em 2003, chegou à Câmara com 91 deputados e deve ficar com 83. A crise no PT favoreceu o PSOL e o PDT, dois partidos que votam contra o governo tanto na Câmara quanto no Senado. Cinco deputados petistas mais à esquerda foram para o PSOL e outros dois se filiaram ao PDT. O PSOL está agora com sete deputados e o PDT com 19, cinco a mais do que o registrado em junho.
Até esta tarde, a maior expectativa era em torno da disputa entre PT e PMDB para saber quem ficaria com a maior bancada da Câmara. "Só na terça-feira é que saberemos o tamanho real do PMDB, pois as filiações estão em andamento", disse o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS). O PMDB chegou a superar o PT durante a semana passada.
Na avaliação dos líderes, o troca-troca partidário é movido mais pelos problemas e articulações regionais do que como resposta à crise. O prazo de filiação para os candidatos às eleições terminou à meia-noite de ontem e, por isso, o movimento de migração se intensificou. "Não há nenhuma relação das mudanças com a crise. São movimentos puramente de configuração regional", atestou o líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO).