Cerca de 2,6 mil crianças de sete a 13 anos participam desde o último sábado (9) da Go Cup, considerado o maior evento de futebol infantil do mundo. A novidade da competição este ano, disputada em Aparecida de Goiânia (GO), é a realização de um torneio feminino, na categoria até 13 anos, com participação de três das mais de 200 equipes inscritas.
Um dos times na disputa feminina é a Cardim Sports, de Brasília, que também compete com meninas nas categorias sub-7, sub-8, sub-10 e sub-12. A diferença é que, nestas, as atletas enfrentam equipes 100% masculinas ou mistas, como já ocorria em outras edições. Para elas, é a primeira vez em um torneio somente para garotas.
"É muito importante essas meninas estarem vivendo um campeonato de alto nível, com grande visibilidade para outros estados, pensando em convites para outros clubes que já representam o futebol [feminino] profissional, apesar de Brasília estar bem representada, com dois times na série A1 [Cresspom e Real Brasília] e um na A2 [Minas Brasília]", afirmou Fred Cardim, professor e diretor da escolinha, à assessoria de imprensa do evento.
Outro participante é o Centro Esportivo Wilson Goiano (CEWG), de Trindade (GO), fundado pelo ex-lateral de mesmo nome, com passagens por Goiás e Botafogo, onde foi campeão brasileiro em 1995. Segundo ele, as meninas estão acostumadas a treinar com os garotos no dia a dia da escolinha e chegaram a vencê-los, nos pênaltis, em um amistoso que antecedeu a Go Cup.
"Elas estão bem treinadas e, por isso, eu acho que elas vão dar o melhor de si. Foi muito importante a gente ir com o incentivo das inscrições gratuitas", comentou Welson Carvalho, coordenador do CEWG.
O terceiro integrante do torneio feminino é o Rede Gol, projeto da organização não-governamental (ONG) Transforma Vidas. Cerca de 180 meninas de 9 a 21 anos participam da iniciativa, que atua em núcleos de vulnerabilidade social no Distrito Federal, com dois - nos distritos do Gama e de Candangolândia - voltados ao alto rendimento. O time na Go Cup conta com jovens de oito comunidades brasilienses e compete pela primeira vez longe de casa.
"Essa iniciativa oportuniza meninas de periferias dentro de um esporte predominante masculino, onde há um sexismo muito grande. Torço para que nas próximas edições mais e meninas estejam presentes. No feminino, o desafio é ainda maior, porque muitas famílias ainda não se convenceram de que as meninas podem estar neste lugar", disse a coordenadora da Rede Gol, Deiza Leite.