A Flórida alcançou um marco significativo em sua longa batalha contra a invasão das pítons birmanesas: biólogos removeram mais de 20 toneladas dessas cobras dos ecossistemas dos Everglades e arredores ao longo de pouco mais de dez anos. A retirada massiva inclui um recorde batido de remoções em uma única temporada.
O esforço é liderado por equipes como a da Conservancy of Southwest Florida, que rastreia e captura as serpentes, focando principalmente nas fêmeas reprodutivas durante o período de acasalamento entre novembro e abril. Uma das principais estratégias envolve o uso de pítons machos “batedores” com transmissores para localizar fêmeas. Segundo especialistas, essa técnica tem se mostrado eficaz, apesar do alto custo logístico.
Desde 2013, a equipe da conservancy estima ter evitado o nascimento de cerca de 20 mil filhotes, com destaque para os 2.860 kg (6.300 lb) removidos apenas desde novembro passado, em uma área de 500 km² no sudoeste da Flórida. Os cientistas admitem, no entanto, que a erradicação total é improvável, devido à alta taxa de reprodução da espécie e à dificuldade de rastreamento em áreas remotas.
As pítons birmanesas foram introduzidas nos anos 1990, provavelmente por donos de animais exóticos que as soltaram na natureza. Desde então, causaram um declínio devastador na população de mamíferos nativos. Estima-se que haja dezenas de milhares dessas cobras nos Everglades.
A popularidade do tema nas redes sociais e programas como o “Florida Python Challenge” têm ajudado a manter o interesse público e atrair mais caçadores voluntários. Em 2024, o evento reuniu quase 900 participantes e resultou na captura de 195 pítons.
Mike Kirkland, do distrito de gerenciamento da água do sul da Flórida, e outros especialistas acreditam que, embora a eliminação total seja inviável, os esforços conjuntos poderão reduzir significativamente a população de pítons, permitindo a recuperação de espécies nativas como veados, gambás e guaxinins.
“Estamos confiantes de que conseguiremos controlar a espécie a ponto de vermos o retorno robusto da nossa fauna nativa”, declarou Kirkland.
Fonte: The Guardian

