Sobreviventes têm se queixado da falta de ajuda às vítimas
O governo do Paquistão anunciou que o número de pessoas mortas no norte do país e na área administrada pelos paquistaneses na Caxemira, devido ao terremoto do último sábado, chegou a 33 mil.
A ajuda começou a chegar às áreas devastadas, junto com mais soldados e equipes internacionais, mas as chuvas fortes estão atrapalhando as operações.
A estrada para um dos lugares mais atingidos, Muzaffarabad, a capital da área da Caxemira administrada pelo Paquistão, foi bloqueada pelos deslizamentos de terra.
Uma autoridade do governo afirmou que os helicópteros foram estacionados em uma base aérea.
Resgate em Balakot
Cinco crianças foram resgatadas com vida das ruínas de uma escola em Balakot, no Paquistão – cidade que foi devastada por um terremoto no último sábado.
O resgate foi feito por uma equipe de especialistas franceses e soldados paquistaneses que trabalharam durante a noite para retirar as crianças dos escombros.
Um correspondente da BBC na cidade afirma que o resgate das crianças traz um fio de esperança para as pessoas que estão escavando as ruínas da cidade em busca de sobreviventes e que praticamente só encontram cadáveres.
Balakot foi uma das cidades mais afetadas pelo terremoto do fim de semana, que chegou a 7,6 pontos na escala Richter e matou pelo menos 20 mil pessoas no Paquistão, na região da Caxemira (que é administrada pelo Paquistão e pela Índia) e na Índia.
Segundo o repórter da BBC, podem ser vistos mais soldados paquistaneses ajudando a limpar os escombros em Balakot, mas os trabalhos de resgate estão sendo encabeçados por civis que vivem na cidade.
Estudantes de Medicina montaram clínicas improvisadas para atender sobreviventes, e voluntários estão procedendo a entrega de alimentos, água e cobertores enviados ao local.
Revolta
Enquanto isso, têm sido relatados saques em Muzaffarabad, a capital do lado paquistanês da Caxemira, a cidade mais atingida pelo terremoto – estimam-se que mais de 11 mil de seus moradores tenham morrido.
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Correspondentes dizem que é crescente a revolta de vítimas do terremoto com o que consideram ser a lentidão das autoridades em prestar ajuda aos sobreviventes.
De acordo com a agência de notícias France Presse, moradores de Muzaffaradab atacaram caminhões militares, pegando alimentos, barracas e remédios.
Um grupo invadiu um posto de gasolina para pegar combustível, que é usado para fazer fogo para cozinhar e se esquentar, enquanto outras pessoas assaltaram veículos oficiais e jipes.
O repórter da BBC Aamer Ahmed Khan afirma que proprietários de lojas estão fazendo vigília 24 horas por dia e jogando pedras em possíveis ladrões.
“As pessoas estão morrendo de fome”, disse o sobrevivente Akram Shah. “Elas perderam todos os membros de suas famílias e seus pertences.”
Autoridades dizem que 90% das vítimas de Muzaffaradab ainda estão enterradas sob os escombros.
Ajuda
Centenas de milhares de pessoas ainda passaram uma terceira noite expostas ao frio da região.
Apesar das promessas de ajuda feitas por vários países, muitos dos feridos estão recebendo pouca ou nenhuma atenção médica.
Raja Mohamed Irshad, um juiz na remota cidade de Bagh, no lado paquistanês da Caxemira, disse que os moradores do local “não estão lamentando os mortos” neste momento.
“Nós estamos lamentando nossos laços com o governo.”
O ministro do Interior do Paquistão, Aftab Ahmad Khan Sherpao, disse que o governo está fazendo tudo o que é possível para auxiliar as vítimas, mas o terremoto bloqueou estradas e cortou linhas de comunicação.
Índia
O governo da Índia divulgou que mais de mil mortes causadas pelo terremoto já foram confirmadas na parte da Caxemira administrada pelo país.
Mas o número deve aumentar, uma vez que alguns vilarejos remotos nas montanhas da região continuam isolados.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, deve visitar nesta terça-feira a cidade de Uri, que foi devastada pelo terremoto.
Ela fica perto da Linha de Controle que divide as partes indiana e paquistanesa da Caxemira.