O Exército dos EUA fez nesta terça-feira uma ofensiva aérea na Província iraquiana de Al Anbar (oeste) em cidades próximas à fronteira com a Síria --consideradas porta de entrada de "terroristas estrangeiros" no país. A mesma região também foi afetada hoje por um confronto entre clãs iraquianos. Ambas ações deixaram ao menos 45 mortos.
A informação sobre o confronto direto entre os dois grupos --Bumahl, de orientação xiita e que apóia o governo iraquiano, e Karabilah, sunita, pró-insurgente, foi confirmada por autoridades locais iraquianas em Qaim, na Província de Al Anbar, segundo a agência de notícias Associated Press.
Os ataques americanos foram realizados na mesma região, e quase na mesma hora em que ocorreu o conflito entre os grupos, na madrugada desta terça-feira.
Caças F-16 lançaram oito bombas sobre prédios e locais considerados como "bases terroristas" na região de Qaim. O comunicado do Exército americano não faz menção sobre os conflitos entre os clãs.
Seis bombas foram lançadas sobre duas casas ocupadas por supostos terroristas na cidade de Husaybah, próxima a Qaim. Entre os mortos, estaria um homem identificado como Abu Islã, e descrito como "um terrorista conhecido", vinculado à rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden.
"Islã e vários outros suspeitos foram mortos nesse ataque", diz o comunicado do Exército. Vários supostos terroristas fugiram de Husaybah para Karabilah, sede do clã sunita envolvido nos confrontos com o grupo xiita nesta terça-feira.
Depois de atacar Husaybah, americanos lançaram duas bombas teleguiadas sobre uma casa de Karabilah e "muitos terroristas foram mortos".
O comunicado do Exército americano não confirmou o número de pessoas que morreram nessas ações.
Conflitos internos
O confronto entre os dois clãs ocorridos nesta terça-feira pode afetar a facilidade com que supostos terroristas islâmicos atravessam a fronteira entre o Iraque e a Síria, segundo informaram fontes do Exército americano à agência de notícias. A tensão tem aumentado na região, com a presença de militantes supostamente ligados à Al Qaeda.
O parlamentar xiita Jalaaldin al Saghir informou que os líderes do Bumahl pediram ajuda ao Ministério do Interior, solicitando o envio de forças de segurança à região. Al Saghir e o ministro do Interior Bayan Jabr pertencem ao Supremo Conselho da Revolução Islâmica, maior partido xiita no Iraque.
A ocorrência de conflitos entre xiitas e sunitas no Iraque acontece em um momento de tensão, que envolve a nova Constituição iraquiana. O texto foi rejeitado por políticos sunitas no governo, devido ao fato de que boa parte da comissão que escreveu o documento era formada por xiitas e curdos.