“Olá, me chamo Kelly. Estou planejando ter meu primeiro bebê, mas só penso no parto. Já sinto dor, tenho muito medo. Gostaria muito de ter um filho, mas esse medo me deixa um pouco insegura. Já pesquisei muito sobre os dois tipos de partos, parto normal e cesárea, e sempre acabo chorando, pois sei que não vou dar conta. Sou muito medrosa. O que você me sugere? Obrigada.” Kelly, O medo do parto é normal, mas é superável. Vou te dar alguns passos para pegar esse touro pelos cornos e domá-lo, o que acha?
Em primeiro lugar, vamos por os pés no chão e raciocinar. Temos medo do que não conhecemos. E o parto é o desconhecido para qualquer mulher. A dor do parto não pode ser comparada a nenhuma outra que conhece. Isso não quer dizer que seja pior. É diferente. Só vivendo para saber. A dor é algo subjetivo, cada pessoa tem um limiar de dor. Mas a dor depende também do ambiente no qual estamos, de como nos sentimos, de quem está conosco. Se nos sentirmos acolhidas, amparadas e apoiadas, temos muito mais coragem do que podemos imaginar.
Em segundo lugar, vamos passar a outra questão: os mitos. O que você pensa da dor e do parto acaba, infelizmente, tendo mais valor da dor e do parto em si. Isso porque você é uma humana e para você, como para mim e para todo mundo, achar que uma coisa é possível a torna possível. Achar que é espantosa a torna insuportável. Lembrei agora de minha filha que, numa festa de aniversário do tio dela, estava com um dente mole. O tio, que, na época, era um adolescente, falou brincando como se fosse a coisa mais normal do mundo: ‘Vamos amarrar uma cordinha e puxar o dente’. Minha filha aceitou, deixou que ele amarrasse um fio no dente... Quem de nós adultos ficaria assim tranquilo? Poucos. A diferença é que ela “não tinha minhocas na cabeça”. Não achando que aquilo fosse dolorido, deixou acontecer. Puxaram o dente com firmeza e rapidez, ele saiu e pronto. Estava resolvido o assunto. Minha filha continuou tranquila e foi brincar.
Por este motivo, é importante termos consciência que há muitos ‘mitos’ em torno da questão parto que precisam ser substituídos por relatos de experiências reais de mulheres reais. Sugiro que você leia o meu “Mulheres (e homens) contam o parto 2” (da Biblioteca 24 Horas que pode encontrar na Amazon.com). ‘Ver’ de perto essa experiência vai ajudá-la a começar a relaxar. Após ouvir a voz de outras mulheres, procure informações de qualidade sobre como funciona o parto e os vários ‘tipos’ de parto. Pode usar o nosso site ongamigasdoparto.com e amigasdopartogestantes.com.
Em terceiro lugar, e com a cabeça mais clara, pode começar a trocar ideias com outras pessoas. É muito importante que você tenha suas próprias informações e ideias. Não se entregue a ninguém. Pense, observe, leia. Não se deixe levar nem pelo medo nem pelo outros com seus palpites e próprias inseguranças.
Em quarto lugar, quando estiver grávida, é importante que faça um curso de preparação para o parto que deve incluir uma preparação emocional ao parto e ao pós-parto. Outro elemento que deve fazer parte do seu projeto de mãe é o profissional certo.
Em quinto lugar, se o medo continuar, se sentir necessidade de desabafar, procure alguém competente que possa ajudá-la, mesmo que seja só durante a gestação. Mas não espere o último momento. Haja logo e confiante. Há educadoras perinatais e psicólogas que podem contribuir para realizar seu sonho. Não precisa estar mal para procurá-la, basta ter vontade de trocar ideias e esclarecer dúvidas.
Em sexto lugar e para finalizar, você pode contratar uma doula para estar com você durante o parto.
É importante refletir sobre isso tudo antes do bebê chegar. Há vários outros livros e informações que você precisaria obter. Mas este é o começo de conversa no caminho da confiança em si mesma - é indispensável se quer ser mãe. *Adriana Tanese Nogueira, Educadora Perinatal.