Um dos principais temas que a Convenção Republicana Nacional em Tampa, que acontece ao longo dessa semana, queria tratar era a revitalização da economia. Mas membros da mídia de língua espanhola queriam falar de um tema nada confortável à campanha de Mitt Romney à eleição presidencial: imigração.
Membros da imprensa latina fizeram perguntas sobre jovens imigrantes indocumentados. Mas o foco tanto para Romney quanto para os que apoiam o partido republicano é que os imigrantes e não-imigrantes têm como principal foco a economia.
A questão é que a escolha da Flórida como palco de sua convenção nacional expôs o Partido Republicano ao inevitável constrangimento de ter que explicar a 23% da população local, de origem latino-americana, porque incluiu ideias tão pouco simpáticas aos imigrantes ilegais em sua plataforma para as eleições de 6 de novembro.
Essa “desconexão”, como disse a “Fox News”, entre Romney e os latinos, é o que pode afetar as ambições de Mitt Romney, autor da proposta de “autodeportação”, de vencer nesse estado-chave.
Em seus comícios, Romney mostra-se mais conectado ao eleitor conservador e promete vetar o decreto que facilita a legalização de filhos de imigrantes, assinado este ano por Barack Obama. Confrontado com a incoerência entre essas promessas e a ansiedade de Romney em atrair o voto hispânico, o ex-governador republicano de New Hampshire, John Sununo, nascido em Havana, mostrou-se impiedoso.
Atualmente, Romney e Obama estão tecnicamente empatados na Flórida, onde 23% da população e 13,5% dos eleitores são latinos. Desse último universo, 39% estão registrados como democratas e 30% como republicanos. Com 29 delegados, o Estado está entre os considerados decisivos na eleição.
Republicanos apresentarão plano rigoroso contra imigração
Durante a convenção, o Partido Republicano aprovou um documento de 62 páginas com um programa de governo com leis rigorosas contra a imigração ilegal. Entre os planos estão a conclusão do muro na fronteira com o México e a promoção de leis estaduais contra imigrantes, como as do Arizona e Alabama.A proposta, que será apresentada ao candidato republicano à presidência, Mitt Romney, também contempla posições conservadoras sobre aborto e casamento gay, dois dos temas que mais dividem a sociedade americana. Ainda sobre a imigração, o programa assinala que “os esforços estaduais para reduzir a entrada de estrangeiros devem ser alentados e não combatidos”.
“As ações pendentes do departamento de Justiça contra Arizona, Alabama, Carolina do Sul e Utah devem ser suspensas imediatamente”, destaca o documento, falando sobre os estados que têm aprovado leis combatendo a imigração ilegal, mas que têm sido impedidos pelo governo federal.
O programa também nega “qualquer forma de anistia para os que violam intencionalmente a lei, em detrimento dos que a obedecem”.
“A Lei da Imigração Legal” reconhece as “contribuições vitais” dos imigrantes legais no país, mas promete combater a imigração ilegal por considerar que ela prejudica os EUA e sua força de trabalho.
O plano de governo aprovado no dia 28 defende ainda a “criação de procedimentos humanos para alentar os imigrantes ilegais a regressar voluntariamente a seus países, e a aplicação do peso da lei contra os que permanecem nos Estados Unidos com vistos” que não permitem a residência.
Horas antes da divulgação do documento, Carlos Gutiérrez, assessor para assuntos ‘’hispânicos’’ de Mitt Romney e ex-secretário de Comércio de George W. Bush, disse a jornalistas em Tampa que “a plataforma que vale é a plataforma de Romney, e ela não é igual a do partido”.