Foram mais de 50 audiências no Supremo Tribunal Federal (STF) para que os juízes concluíssem que o PT criou e manipulou, entre 2002 e 2005, uma rede de corrupção com a qual financiou suas campanhas e subornou dirigentes de quatro partidos para “comprar” a maioria parlamentar que o ex-presidente Lula não havia conquistado nas urnas.
“Foi o mais ousado e escandaloso esquema de corrupção e desvio de dinheiro público descoberto no Brasil”, diz o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em um relatório que enviou ao STF com 44.265 páginas repletas de “provas documentais” e mais de 600 testemunhos.
Dos 37 acusados no chamado julgamento do mensalão, 25 foram considerados culpados e condenados a penas que, no total, chegam a 282 anos de prisão por escândalos que tanto Lula como o PT ainda não aceitam e negam.
Entre os condenados, os mais proeminentes são o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o ex-presidente do PT, José Genoino, e o antigo tesoureiro dessa formação, Delúbio Soares. A pena mais dura foi aplicada ao publicitário Marcos Valério Fernandes, que pôs duas de suas empresas a serviço da rede criada pelo PT e foi condenado a 40 anos de prisão.
Nos lances finais do julgamento, e já sentenciado, Valério se apresentou à Procuradoria Geral da República (PGR) para negociar uma redução de pena em troca de uma nova declaração, na qual afirmou que Lula, que não foi incluído entre os acusados, “sabia” de tudo, “aprovou” e inclusive obteve “benefícios pessoais” com o esquema.
A tentativa foi em vão, mas serviu para projetar a nuvem do escândalo sobre Lula, que desde o início do processo, em 2 de agosto, se negou a falar sobre o assunto. Os analistas políticos são unânimes ao dizer que o julgamento foi um duro golpe à impunidade e reverte a ideia, generalizada no Brasil, de que a corrupção nunca é punida. As informações são da “Agência Efe”.

