A assimilação dos imigrantes ilegais pela sociedade norte-americana deve ser a chave de qualquer projeto de reforma, afirmaram integrantes de um painel bipartidário de peritos em imigração.
“É impossível deportar os 12 milhões de imigrantes ilegais que vivem no país. É inaceitável dos pontos de vista da segurança, econômico, das necessidades familiares e da integração”, disse o ex-deputado democrata por Indiana, Lee Hamilton, ao apresentar o relatório “A imigração e o futuro dos Estados Unidos” do Instituto de Migração Política (MPI).
Já o ex-senador republicano do Missouri, Spencer Abraham, afirmou que a economia norte-americana precisa de imigrantes “capacitados e não capacitados”, posto que a oferta de trabalhadores nativos não supre a demanda do mercado de trabalho.
Segundo o relatório “50% do crescimento da força de trabalho nos Estados Unidos na década passada proveio dos imigrantes e se calcula que esta proporção aumentará”.
“Com mais de 14 milhões de recém-chegados legais e ilegais, os anos 90 figuram numericamente como a década de maior imigração na história dos Estados Unidos e a década atual quase certamente a superará”, afirma o documento.
Hamilton e Abraham são os presidentes do painel de peritos em imigração do MPI que reúne membros da academia e legisladores em atividade, como o senador democrata pelo Massachusetts, Ted Kennedy; o seu colega republicano do Arizona, John McCain; vários deputados e Thomas Donohue, presidente da Câmara do Comércio norte-americana, entre outros.
Segundo o relatório, os Estados Unidos recebem um total de 1,8 milhões de imigrantes por ano, em se somando os legais, os ilegais e os “imigrantes sazonais” que entram no país com permissão de residência temporária.
O relatório afirma que “o povo norte-americano está profundamente dividido sobre se a imigração ajuda ou prejudica o país” e acrescenta que “a ação legislativa refletiu essa divisão”.
Neste sentido relembra que enquanto a Câmara dos Deputados aprovou uma lei que se “centra em medidas fortes contra a imigração ilegal na fronteira e no interior do país”, o Senado votou um projeto “que complementa as medidas estritas com oportunidades para os imigrantes com e sem documentos”.
Hamilton defende que “o projeto da Câmara dos Deputados não resolverá o problema porque desconsidera as forças econômicas impulsionadas pela imigração”; e que “o projeto do Senado é preferível porque é mais completo e bipartidário, mas a sua aplicação na prática é excessivamente complexa”.
O documento do MPI propõe que “a imigração deve levar-se a cabo por três vias: temporal, provisório e permanente” e que a cada ano se deve permitir a entrada de 1,5 milhões de imigrantes, 300 mil a menos dos que entram atualmente.
“Os vistos de trabalho temporários seriam expedidos para permanências de curto prazo, tais como os empregos sazonais. Os vistos provisórios permitiriam aos empregadores recrutar trabalhadores estrangeiros para trabalhos permanentes; e os vistos permanentes estariam à disposição tanto dos que os solicitarem, como dos que conseguirem melhores contratos com vistos provisórios”.
Abraham afirmou que “a natureza do debate migratório é muito emocional” e prognosticou que “aumentar as barreiras na fronteira e os agentes da Patrulha Fronteiriça não resolverá o problema”.
Neste sentido, Hamilton indicou que tais medidas “são mais do mesmo” e apesar de reconhecer a necessidade de reforçar a vigilância na fronteira, opinou que “o problema migratório só será solucionado se for considerado de um ponto de vista mais amplo”.
Hamilton acredita que “a reforma não acontecerá este ano mas há grandes chances do Congresso aprová-la em 2007”, o que em parte dependerá “do apoio oferecido pelo presidente norte-americano George W. Bush”. (ANSA)