Diversas publicações internacionais destacaram, entre ontem e esta sexta-feira, o acidente envolvendo dois trens - um com passageiros e outro vazio-- que deixou ao menos oito mortos e 101 feridos, em Nova Iguaçu (RJ).
O texto publicado pela CNN inclui a declaração do diretor operacional da Supervia, João Gouveia, de que o número de mortos e feridos só não foi maior porque o trem que levava passageiros "deixou a estação central [a Central do Brasil] antes do horário de pico, que sempre lota os trens em dias úteis".
O "El País" afirma que o acidente deixou mais de dez mortos. Oficialmente, o governo afirma que oito pessoas morreram. Durante os resgates, o Corpo de Bombeiros chegou a informar que havia 13 mortos. Na reportagem, o periódico afirma que as autoridades pediram para a população se afastar do local, mas que os familiares dos passageiros "encheram o local do acidente em poucos minutos".
Outra reportagem, do argentino "Clarín", afirma que os "acidentes ferroviários têm sido relativamente freqüentes no Brasil". "Mas nunca tiveram as dimensões do de ontem." O periódico ressaltou a gravidade da colisão ao citar a declaração de um comandante dos bombeiros de que havia "muitos corpos mutilados" e o fato de "neurocirurgiões, ortopedistas e cirurgiões gerais" terem sido convocados para socorrer os feridos.
Das 101 pessoas feridas durante um choque entre dois trens próximo à estação de Austin, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, 21 continuam internadas em três hospitais da região - o da Posse, o Getúlio Vargas e o de Saracuruna. Sete corpos dos oito mortos já foram identificados no Instituto Médico Legal da cidade.
O acidente
O acidente com dois trens da Central do Brasil deixou 8 mortos e cerca de 70 feridos. Uma das composições tinha cerca de 400 passageiros e a outra estava vazia. De acordo com as informações da Supervia, o trem WP-908 atravessava da linha 1 para a linha 2, quando foi abalroado pelo trem de passageiros, prefixo UP-171. O acidente foi considerado o mais grave dos últimos seis anos, segundo a concessionária.
O UP-171 partiu às 15h10 da Central do Brasil com destino a Japeri. O acidente ocorreu a cerca de 200 metros da estação de Austin, distrito de Nova Iguaçu, uma das últimas estações da linha. O choque foi tão forte que o último vagão do WP-908 descarrilou. Os dois primeiros vagões do trem de passageiros também saíram dos trilhos. Muitas pessoas ficaram presas às ferragens.
Cerca de 60 bombeiros e 100 homens da Defesa Civil de Nova Iguaçu trabalharam no resgate dos passageiros. O presidente do Sindicato dos Ferroviários, Valmir Lemos, disse que o acidente ocorreu por problemas na sinalização da via férrea. "Nós fazemos essa denúncia há anos: a manutenção da via férrea é precária. O acidente ocorreu por problemas na sinalização", afirmou.
As causas do acidente só devem ser conhecidas em dez dias, informou o diretor de Operações da Supervia, concessionária que administra a linha, João Gouvêa. Ele ainda desmentiu as primeiras informações de que os maquinistas dos trens haviam morrido na colisão. "Os dois maquinistas não faleceram e serão úteis para esclarecer o que houve. O laudo deve sair em 10 dias. Só então saberemos detalhes como a velocidade das composições", afirmou.
Multas e antecedentes
A SuperVia já recebeu duas multas da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos do Rio de Janeiro (Agetransp) por falhas de procedimentos operacionais previstos no contrato de concessão após acidentes que deixaram feridos e uma pessoa morta.
Um dos acidentes mais graves ocorreu há praticamente três anos, em 10 de agosto de 2004, quando dois trens chocaram-se de frente na plataforma da estação Japeri, deixando 52 pessoas feridas. Em junho de 2006, um choque de veículos de manutenção na estação de São Cristóvão matou um prestador de serviços.
As multas aplicadas à SuperVia foram correspondentes a 0,01% do faturamento anual da empresa, tendo como referência o exercício imediatamente anterior aos acidentes. Há ainda o registro de um descarrilamento de uma composição na estação da Leopoldina em fevereiro de 2001, com o saldo de 12 feridos leves.
Em agosto do mesmo ano, uma pessoa morreu e cerca de 20 ficaram feridas após colisão de um trem que seguia em direção à estação de Duque de Caxias com o último vagão de outro trem, que vinha em direção contrária e não entrou a tempo no desvio da linha.

