Em 1º de janeiro, as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa tornaram-se obrigatórias no Brasil. A intenção é que as palavras em português sejam escritas da mesma forma em qualquer um dos países que falam o idioma.
Com sede em Cabo Verde, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa é uma instituição da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) que monitora a implementação do acordo em cada país e oferece apoio no processo. Integram a CPLP: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Assinado em 1990 para padronizar as regras ortográficas, o acordo foi ratificado pelo Brasil em 2008 e implementado sem obrigatoriedade em 2009. De acordo com o Ministério da Educação, o acordo alterou 0,8% dos vocábulos da língua portuguesa no Brasil e 1,3% em Portugal.
“Os países estão em estágios completamente diferentes. Não só no que tange a decisão das autoridades, mas nas possibilidades financeiras e de recursos humanos para apoiar esse processo”, avalia a diretora executiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), Marisa Mendonça.
As novas regras do Acordo Ortográfico já estão presentes em livros, veículos de comunicação, comunicados oficiais do governo e materiais didáticos usados pelas escolas em todo o Brasil. Rodrigo Maia, especialista em Língua Latina, mestre e doutor em Língua Portuguesa e colunista do GAZETA, diz que dependendo do caso, as novas regras já foram bem assimiladas.
“No que diz respeito à queda do sinal gráfico do trema, por exemplo, a adaptação foi natural. A maioria das pessoas nunca usou o trema, exceto quando o programa de edição do computador fazia a correção automática. Já em relação ao uso do hífen, a confusão aumentou ainda mais. Casos como para-lama, que fica com o hífen; e paraquedas, escrito sem, deixaram os usuários sem saber o que fazer. Outros casos de queda de acento estão em processo de transição”, disse Rodrigo, que explicará as novas regras em seus próximos textos na coluna “Nosso Idioma”. “Há os que defendem e os que condenam. Porém, no geral, as reclamações não são absurdas”.
Veja como está a implementação do acordo em cada país da CPLP
Além do Brasil, os países que estão mais avançados na implementação do novo acordo são Portugal e São Tomé e Príncipe. Portugal terminou o processo de transição em 2014 e as crianças e jovens estão aprendendo nas escolas a nova ortografia.
Em
São Tomé e Príncipe
, o acordo já está sendo aplicado desde janeiro de 2012 e já é usado nos documentos do Estado e de demais organismos oficiais.Guiné-Bissau
enfrenta problemas de instabilidade social e política graves e suas prioridades são outras nesse momento.A
Guiné Equatorial
tornou-se membro da CPLP em 2014. O país busca resgatar a língua portuguesa no território, que tem como línguas oficiais o francês, o espanhol e o português, falado na Ilha de Ano-Bom e que deu origem à variante ano-bonense. Em Moçambique, o acordo ainda não foi ratificado. Moçambique passou por novas eleições em 2014 e há esperança que o acordo ganhe espaço com os novos representantes.Timor-Leste
tem duas línguas oficiais, o tétum e o português, enquanto o indonésio e o inglês são consideradas línguas de trabalho pela atual constituição. Mesmo assim, o português não é amplamente falado e o objetivo do país é ter a língua portuguesa presente junto dos demais idiomas, mas não focar no preciosismo da grafia.Angola
ainda não ratificou o acordo, mas está trabalhando para isso. No entanto, foi um dos países que mais contribuiu financeiramente para a elaboração do vocabulário comum, que reúne todas as palavras da língua e é ferramenta imprescindível para uma melhor aplicação do acordo.Com informações da Agência Brasil.

