A agência que regulamenta alimento e remédios nos Estados Unidos, a FDA, deve aprovar até o final de 2006 a comercialização de carne e leite de animais clonados, é o que informa matéria divulgada nesta terça-feira no jornal “The Washington Post”.
A notícia vem três anos depois da FDA ter se mostrado receptiva a idéia sobre compra e vendas de produtos derivados de animais clonados, o que despertou um grande debate em torno do tema. A decisão se baseia na afirmação de que esses produtos não oferecem riscos ao consumidor.
"Nossa avaliação é que produtos alimentícios de animais clonados são tão seguros quanto os que comemos todos os dias", disse ao "Post" Stephen Sundlof, chefe de medicina veterinária da FDA, que supervisionou a análise de risco elaborada pelo órgão.
Segundo as empresas de biotecnologia, a clonagem dará mais consistência à qualidade da carne, por exemplo --já que todos os animais de uma fazenda serão cópias genéticas exatas, será possível selecionar apenas aqueles com o melhor perfil, que produzam o bife mais saboroso. Mas opositores da tecnologia não se dão por vencidos, e pediram à FDA que as liberações sejam estudadas caso a caso.
Segurança
O primeiro indício de que o órgão do governo norte-americano aceitaria o comércio de derivados de animais clonados surgiu em 2003. Na época foi criada um modelo de resolução que concluiu pela segurança desses produtos.
No entanto, o otimismo tanto do governo quanto das empresas de biotecnologia foi rapidamente colocado de lado, quando vários especialistas da FDA e a Academia Nacional de Ciências, geralmente favorável aos avanços biotecnológicos, disseram que não havia dados suficientes sobre o assunto.
Pesquisas
Empresas de laticínios como a Kraft, a Danone e a Nestlé também são contra a nova medida, o que colocou a aprovação de molho. De acordo com o "Washington Post", nos últimos anos a agência tem pedido aos produtores para deixar os clones fora do mercado voluntariamente, o que provocou a falência de uma empresa e despertou a ira de várias outras.
Um novo conjunto de estudos submetidos à FDA revitalizou o esforço. O maior desses estudos é uma comparação entre a carne de clones e porcos convencionais, que usou 404 animais e mediu 14.036 parâmetros de composição protéica e perfis de ácidos graxos. Apenas três parâmetros medidos nos clones foram diferentes dos de animais normais.