O candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB/PFL) afirmou hoje que sua proposta de governo de realizar uma redução nas contas do governo, o chamado “ajuste fiscal”, terá como objetivo aumentar as taxas de crescimento da economia brasileira. "Nós vamos fazer o ajuste fiscal, aliás é o que nós aprendemos a fazer. O Mário Covas (ex-governador tucano de São Paulo) fez um grande ajuste no governo de São Paulo e nós vamos fazê-lo”, disse ele.
Alckmin participou de caminhada na zona leste da capital paulista, em companhia do governador eleito de São Paulo, o também tucano José Serra. O candidato à Presidência disse que sua proposta para equilibras as contas do governo inclui a redução do “déficit nominal”, ou seja, a diferença entre o que governo arrecada e gasta, incluindo-se o pagamento com rolagem da dívida pública. Ele afirmou ainda que o ajuste vai permitir que o país tenha juros menores.
O tucano criticou a atual política do governo em relação aos gastos públicos. "Existe uma política fiscal frouxa, aumento de gasto, quer dizer, má qualidade do gasto público", disse. A conseqüência disso, segundo ele, se abate sobre o setor produtivo: "Política monetária muito dura, maior imposto do mundo e câmbio que tira a competitividade”.
O ex-governador de São Paulo disse ser a favor do câmbio flutuante, ou seja, o valor do dólar definido pelas flutuações do mercado, e não decretado pelo governo. “Aliás, o governo usa câmbio flutuante administrado, compra dólar para administrar o câmbio, mas não atinge a raiz do problema”, afirmou. Ontem, em entrevista à imprensa, um dos assessores do PSDB para assuntos econômicos, Yoshiaki Nakano, havia defendido, em caráter pessoal, a adoção de um câmbio administrado e controle temporário sobre entrada de capitais.
Alckmin responsabilizou os juros altos pela “enxurrada de dólares” que sobrevaloriza a moeda brasileira e, na avaliação dele, emperra o crescimento."Claro que assim vai desvalorizar artificialmente o dólar e tirar a competitividade das empresas", disse. "É preciso (fazer as correções na economia) não na base da canetada, mas na base de uma política articulada, monetária, fiscal e cambial para o Brasil voltar a crescer."
O tucano também afirmou que, se eleito, procurará acabar com a reeleição e criticou as regras atuais para esse instrumento. "O que eu quero deixar claro, e a campanha está mostrando isso, é o quanto a reeleição sem regras permite o abuso de poder”,disse. “Nós estamos vendo todos os ministros virarem cabos eleitorais, órgãos do governo virarem comitês, a utilização da máquina com finalidade eleitoral. É um vale-tudo impressionante."
A emenda constitucional que autorizou a reeleição para cargos do Executivo foi aprovada durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1997. A regulamentação da emenda, que permitiu que um prefeito, governador ou presidente continue no cargo enquanto faz campanha pela reeleição, também foi realizada na época.
Agência Brasil