A recente aprovação do Food And Drug Administration (FDA) do consumo de um tipo de salmão geneticamente modificado, levantou as sobrancelhas de ativistas preocupados com a segurança dos transgênicos e suas implicações éticas, econômicas sociais e políticas. Essa é a primeira vez que um animal geneticamente modificado é aprovado para consumo humano. As informações são da “BBC Brasil”.
Muitos consumidores nos Estados Unidos, Europa e Brasil, regiões em que os organismos geneticamente modificados (OGMs) avançaram em velocidade surpreendente dos laboratórios aos supermercados em poucos anos, continuam desconfiados da ideia do homem cumprindo um papel supostamente reservado à natureza ou à evolução.
Boa parte do público ainda teme possíveis efeitos negativos dos transgênicos para a saúde e o meio ambiente. Mas pesquisas de opinião nos Estados Unidos e na Europa, entretanto, indicam que a resistência aos OGMs tem caído, refletindo, talvez, uma tendência de gradual mudança de posição.
As principais academias de ciências do mundo e instituições como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) são unânimes em dizer que os transgênicos são seguros e que a tecnologia de manipulação genética realizada sob o controle dos atuais protocolos de segurança não representa risco maior do que técnicas agrícolas convencionais de cruzamento de plantas.
O salmão transgênico, que pode chegar às mesas de jantar em 2014, será o primeiro animal geneticamente modificado (GM) consumido pelo homem.
Vários produtos GM já estão nos supermercados, um fato que pode ter escapado a muitos consumidores - apesar da (discreta) rotulagem obrigatória, no Brasil e na UE, de produtos com até 1% de componentes transgênicos.
Veja a lista de produtos com transgênicos que entraram, tentam ou mesmo falharam na tentativa de entrar na cadeia alimentar.
Milho
Com as variantes transgênicas respondendo por mais de 85% das atuais lavouras do
produto no Brasil e nos Estados Unidos, não é de se espantar que a pipoca do cinema, por exemplo, venha de um tipo de milho que recebeu, em laboratório, um gene para torná-lo tolerante a herbicida, ou um gene para deixá-lo resistente a insetos, ou ambos. Dezoito variantes de milho geneticamente modificado foram autorizadas pelo CTNBio, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia que aprova os pedidos de comercialização de OGMs.
O mesmo pode ser dito da espiga, dos flocos e do milho em lata, que você encontra nos supermercados. Há também os vários subprodutos - amido, glucose - usados em alimentos processados (salgadinhos, bolos, doces, biscoitos, sobremesas) que obrigam o fabricante a rotular o produto.
O milho puro transgênico não é vendido para consumo humano na União Europeia, onde todos os legumes, frutas e verduras transgênicas são proibidos para consumo - exceto um tipo de batata, que recentemente foi autorizada, pela Comissão Europeia, a ser desenvolvida e comercializada. Nos Estados Unidos, ela é liberado e não existe a rotulação obrigatória.
Óleos de cozinha
Os óleos extraídos de soja, milho e algodão, os três campeões entre as culturas geneticamente modificadas - e cujas sementes são uma mina de ouro para as cerca de dez multinacionais que controlam o mercado mundial - chegam às prateleiras com a reputação “manchada” mais pela sua origem do que pela presença de DNA ou proteína transgênica. No processo de refino desses óleos, os componentes transgênicos são praticamente eliminados. Mesmo assim, suas embalagens são rotuladas no Brasil e nos países da UE.Mamão papaya
Os Estados Unidos são o maior importador de papaya do mundo - a maior parte vem do México e não é transgênica. Mas muitos americanos apreciam a papaya local, produzida no Havaí, Flórida e Califórnia. Cerca de 85% da papaya do Havaí, que também é exportada para Canadá, Japão e outros países, vêm de uma variedade geneticamente modificada para combater um vírus devastador para a planta. Não é vendida no Brasil, nem na Europa.Soja
No mundo todo, o grosso da soja transgênica, a rainha das commodities, vai para animais de criação. O subproduto mais comum para consumo humano é o óleo (ver acima), mas há ainda o leite de soja, tofu, bebidas de frutas e soja e a pasta misso, todos com proteínas transgênicas (a não ser que tenham vindo de soja não transgênica). Cereais Trigo e centeio, os principais cereais usados para fazer pão, continuam sendo plantados de forma convencional e não há variedades geneticamente modificadas em vista.Abobrinha
Seis variedades de abobrinha resistentes a três tipos de vírus são plantadas e comercializadas nos Estados Unidos e Canadá. Ela não é vendida no Brasil ou na Europa.Arroz
É uma das maiores fontes de calorias do mundo, mesmo assim, o cultivo comercial de variedades modificadas fica, por enquanto, na promessa. Vários tipos de arroz estão sendo testados, principalmente na China, que busca um cultivo resistente a insetos. Falou-se muito no golden rice, uma variedade enriquecida com beta-caroteno, desenvolvida por cientistas suíços e alemães. O “arroz dourado”, com potencial de reduzir problemas de saúde ligados à deficiência de vitamina A, está sendo testado em países do sudeste asiático e na China.
Feijão
A Embrapa, órgão brasileiro, conseguiu, em 2011, a aprovação na CTNBio para o cultivo comercial de uma variedade de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, tido como o maior inimigo dessa cultura no Brasil e na América do Sul. As sementes devem ser distribuídas aos produtores brasileiros em 2014, e será o primeiro produto geneticamente modificado desenvolvido por uma instituição pública brasileira.Salmão
Após a aprovação prévia da FDA e tempo para manifestação do público sobre o salmão geneticamente modificado, a agência analisará os comentários para decidir se submete o produto a uma nova rodada de análises ou se o aprova de vez.
