A destruição do Haiti pelo furacão Matthew colocou em espera uma nova política de deportação de haitianos que estão nos Estados Unidos sem permissão. No entanto, a medida é temporária e o governo pretende revê-la no futuro, conforme informado pela secretária de Segurança Interna Americana, Jeh Johnson, no dia 11.
“Nós temos que entender a situação e ser solidário com o sofrimento do povo do Haiti, após o resultado do furacão. Mas, depois, temos a intenção de retomar a mudança política divulgada há algumas semanas”, disse.
A decisão foi tomada após a destruição pelo furacão preocupar a comunidade em Little Haiti, em Miami. Cerca de 100 líderes comunitários fizeram o apelo aos políticos esta semana e pediram que os EUA suspendam temporariamente as deportações, concedendo estatuto de proteção temporária, além de expandir o Programa de Reunificação Familiar do Haiti.
O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos havia afirmado, no dia 22 de setembro, que iria modificar a política de deportação de haitianos em resposta à chegada de milhares de imigrantes da nação do Caribe em passagens fronteiriças entre o México e a Califórnia.
A decisão anterior do governo americano retiraria proteções especiais que protegiam os haitianos da deportação após o terremoto ocorrido no país em 2010. Desde 2011, autoridades norte-americanas evitavam deportar haitianos a menos que eles tivessem cometido crimes ou representassem uma ameaça à segurança nacional. Conforme anunciado em setembro, eles passariam a ser tratados como as pessoas de outros países.
Haitianos na fronteira entre México e EUA
Funcionários da imigração americana atendem cerca de 75 imigrantes haitianos por dia na fronteira entre Tijuana, no México e San Ysidro em San Diego, e pode ser que esse número aumente e eles passem, agora, a atender um número maior diariamente. Muitos deles têm vindo do Brasil, para onde foram após o terremoto em 2010, mas de onde agora fogem da crise econômica.Centenas deles permanecem em um dos cinco abrigos para imigrantes em Tijuana, no México. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados e Representantes da Organização Internacional para as Migrações visitarão Tijuana esta semana para fazer um balanço da situação.
Os advogados de defesa dos haitianos dizem que eles merecem os mesmos privilégios que os cubanos, que estão autorizados a permanecer nos Estados Unidos por causa da política da “Lei de Ajuste Cubano “wet-foot, dry-foot”. A lei permite aos cubanos que pisam em solo americano possam aplicar para a residência após um ano e um dia depois de sua data de chegada. Aqueles interceptados na água são deportados.
Uma haitiana foi detida no Centro Regional de Detenção na Califórnia e expressou sua angústia ao explicar que a casa da mãe foi destruída pelo furacão no Haiti.
Fonte: Miami Herald.