A empresa de mudanças Brasil Courier afirma que, até o momento, 60% das caixas paradas nos Estados Unidos já foram devolvidas. De acordo com o representante da empresa, Edson Malanski, as devoluções foram iniciadas na última semana. Somente no final de semana dos dias 28 e 29, cerca de mil caixas foram devolvidas no depósito de Massachusetts, segundo Malanski. “Ainda temos, mais ou menos, 2,5 mil caixas no depósito de Massachusetts”, afirma, acrescentando que ele mesmo ficou surpreso com a quantidade de mercadoria.
Ainda de acordo com o representante, mais ou menos 90% das caixas paradas em depósitos da Califórnia e Geórgia foram devolvidas; em New Jersey foram 95%. “Em Massachusetts e na Flórida houve um problema, pois os donos dos depósitos alugados trocaram a fechadura, impossibilitando que a empresa entrasse com voluntários para fazer a devolução”, conta Malanski. Ele explica que foi preciso pedir uma autorização judicial em Massachusetts para poder abrir o depósito “pois isso fez com que a companhia perdesse os direitos de pegar os pertences de outras pessoas”. Em Massachusetts o procedimento foi rápido, e na Flórida o mesmo precisa ser feito, afirma. Entretanto, Malanski não soube afirmar quanto tempo irá demorar até que as devoluções sejam iniciadas na Flórida, e diz não saber porque a fechadura foi trocada, mas afirma que em Massachusetts, não foi por falta de pagamento do aluguel.
Já no Brasil, o representante afirma que há caixas retidas no Porto de Paranaguá, no Paraná, onde a situação é a mais complicada. Nos demais portos, as entregas estão sendo feitas, pouco a pouco, afirma a empresa “Mais de 500 pessoas irão receber suas caixas essa semana no Brasil”, disse.
“Quanto às caixas do porto de Paranaguá, os clientes precisam correr atrás. Estamos passando os números do Bill of Landing (BL) por e-mail para as pessoas que solicitam. A companhia não tem força para liderar a situação lá”. Ele não soube explicar a causa da retenção em Paranaguá.
Edson explica que, há cerca de seis semanas, foi designado por um dos donos, o empresário José Moreira, para ficar no controle e resolver os problemas em todas as lojas da Brasil Courier nos Estados Unidos. “José Moreira é dono de uma parte de empresa, mas o proprietário majoritário da Brasil Courier é a Ramos Transportes, no Brasil”. No momento do fechamento dessa edição, o Gazeta News foi informado, por Paulo Monauer, editor do “Hello Brazil News”, que foi aceito o pedido de falência da empresa, que já está nas mãos do governo americano. “A partir de agora, não haverá mais devolução das caixas, e pessoas terão que esperar pela ordem do juiz para saber o que fazer”, disse Monauer.
Entretanto, Malanski disse inda não ter sido informado sobre o assunto, e que as entregas continuarão acontecendo até que ele receba ordens do contrário. Segundo ele, as decisões judiciais estão acontecendo dia após dia e não ele não sabe precisar qual a real situação da BR Courier, e o que pode ou não ser dito no momento.
Irregularidades
“Desde que assumi, vi muitas irregularidades tanto da empresa quanto dos clientes. Mudamos a estratégia da empresa umas 15 vezes. Estou fazendo isso para ajudar o Sr. Moreira, pois ele está pagando por algo que não merece. No entanto, antes de declararmos sua inocência, estamos cuidando das devoluções das caixas, que é o mais importante”. José Moreira é dono de parte da empresa, mas como investidor e não estava envolvido com a administração, por isso pediu sua ajuda, afirma Edson.
Malanski diz que a devolução do dinheiro não está acontecendo no momento, mas que cada pessoa que pega as caixas de volta recebe um documento com o quanto pagou e o contrato atrás. Ele aconselha que cada um leia o contrato antes de tentar reaver o dinheiro, se certificando que tenha seguido as regras, pois muitas irregularidades foram constatadas.
O que fazer?
Edson explica que pessoas entrem em contato por e-mail ([email protected]) solicitando informações sobre suas caixas. De acordo com ele, às vezes, pelo volume de e-mails, eles demoram a responder. Membros do grupo criado no site de mídia social Facebook intitulado “Enganados pela BR Courier” afirmam que conseguiram informações depois de muita insistência. Segundo o grupo, para retirar as caixas, era necessário levar o documento comprovante emitido pela companhia no momento do envio, mais uma identificação. Alguns explicam que estão encontrando suas caixas aos poucos, já que são transportadas de um depósito para outro, para voluntários e funcionários trabalharem na devolução. Alguns dos que declaram que conseguiram recuperar as caixas, dizem que notaram a falta de itens dentro delas.
Edson afirma que perdeu muitos gerentes quando os problemas começaram, incluindo os da Flórida. Por isso, para que tudo ocorra mais rápido, precisa que a comunidade se una à empresa, para acelerar a devolução. Os processos na Justiça, nesse momento, estão só atrasando tudo, segundo ele. “Eu não vou desistir, mas peço colaboração das pessoas”.
Operação “Maré Vermelha” da Receita Federal: maior operação da história contra as fraudes
Se antes já aconteciam atrasos com a entrega de caixas, agora o prazo deverá aumentar devido a uma operação iniciada para intensificar a fiscalização de irregularidades na importação de produtos para o Brasil. A operação “Maré Vermelha”, iniciada em março, está priorizando produtos cuja importação tem prejudicado a indústria nacional, como vestuário, calçados, brinquedos, eletroeletrônicos, bolsas, artigos de plástico, pneus e artigos como cosméticos e perfumaria.
Em pouco mais de um mês, a operação já está sendo identificada como a “maior operação da história contra as fraudes nas importações”, de acordo com o "G1".
Segundo a Receita Federal, o crescimento de importações no Brasil foi de 24% em 2011. Por isso, o órgão resolveu fazer uma operação “pente fino” e abrir os contêineres, em vez de só checar a documentação em portos e aeroportos. Vistorias, em que os auditores da Receita mandam abrir um container para ver o que tem, ficaram mais frequentes. Em um mês de operação em todo o país, houve um aumento de 800% no volume de importações retidas com suspeita de irregularidade, ainda de acordo com o “G1”.
Com isso, será necessário aumentar o número de empregados, uma vez que a fiscalização mais rigorosa também representa maior demora na liberação. Em alguns portos do país, já começa a faltar espaço para guardar tanta carga à espera de liberação.

