Sempre reparo em uma característica que julgo ser única do Brasil. A confirmação de que uma notícia brasileira tenha realmente repercutido é quando a “imprensa internacional” começa a espalhá-la. Casos como o incêndio da boate Kiss, crimes, as greves recentes... Quando algo vira capa do “New York Times”, por exemplo, a capa em si já é motivo de uma nova manchete. Isso serve de termômetro para o próprio Brasil, que talvez use os olhos dos estrangeiros como um espelho.
Fico pensando como o Brasil irá lidar com isso no próximo mês, já que “só vai dar Brasil” nas manchetes internacionais. A partir disso, claro, novas manchetes surgirão sobre ser manchete em jornais internacionais. Isso já começou a acontecer.
Repito aqui algo que disse há algumas semanas. Tudo que o brasileiro está acostumado será analisado pelo olhar estrangeiro e isso nos ajudará a enxergarmos melhor nós mesmos. Quer dizer, o brasileiro emigrante já passou por esse processo ao ver seu próprio país de fora, mas digo o Brasil como um país inteiro.
Um artigo na revista Exame do dia 10 é intitulada: “Imprensa estrangeira detona jeitinho brasileiro na Copa”. O artigo começa assim: “O Brasil que todos nós conhecemos, com congestionamentos intermináveis nas grandes capitais, bagunça na prestação de serviços públicos e obras prometidas e não entregues, está caindo na boca do mundo”.
O artigo cita casos como de um jornalista da “Reuters” que levou mais de cinco horas para chegar do pouso do voo até o hotel que está hospedado em São Paulo. Através do “Twitter” ele narrou cada hora, a espera no aeroporto pela bagagem, pelo táxi, o tráfego de São Paulo... Quando li, senti-me extremamente familiar com esse relato.
O que julgo importante nisso tudo, é que não somente o Brasil vê a imprensa internacional como termômetro, mas os governantes e as figuras públicas também. A resposta a uma crítica da imprensa brasileira é dada de uma forma, mas para a imprensa internacional, com certeza será outra, mais diplomática.
Quem sabe, certos “escândalos” repercutidos na imprensa internacional e que para nós não serão novidade, como os pobres e caríssimos serviços de telefonia celular, as obras não entregues, preços absurdos nos restaurantes das grandes cidades, não sirvam como uma autoanálise do país?
Sem ar de otimismo ou pessimismo – o que, por sinal já está extremo, - mas de observadora, digo que, obviamente, “vai ter Copa”. Sim, vai ter Copa e, sim, haverá escândalos e análises do Brasil. No resto, com voos atrasados, greves, tráfego de horas e horas, acredito que todos sobreviverão. Afinal, todos sobreviveram até hoje. Que assim seja.

