Os trabalhadores libertados de trabalho escravo no país são homens na faixa dos 18 a 40 anos que migram principalmente do Maranhão (39%), Piauí (22%) e Tocantins (15,5%). Do total de trabalhadores resgatados, a maioria absoluta (91,5%) era migrante. Grande parte é de analfabetos ou tem cerca de dois anos de estudo, e são negros. Os dados são do relatório Trabalho Escravo no Brasil do Século XXI, lançado nesta quarta-feira (20) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Dados da Comissão Pastoral da Terra incluídos no relatório mostram que entre 1995 e 2005 o Pará foi o estado que teve o maior número de trabalhadores libertados, seguidos por Mato Grosso e Maranhão. De acordo a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo, o deslocamento dos trabalhadores para regiões distantes de seus estados de origem cria dificuldades para que saiam da condição de escravos. “Os trabalhadores são deslocados para longas distâncias e ficam fora de seu local de origem e dos recursos para se defender”, explicou.
A pecuária é a principal atividade das fazendas onde foi encontrado trabalho escravo (80%). Em seguida estão o cultivo de algodão e soja (10%), cana-de-açúcar (3%), pimenta-do-reino (3%), café (1%) e outros (3%).
A coordenadora do projeto Combate ao Trabalho Escravo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Patrícia Audi, alertou que a prática de trabalho escravo nas propriedades costuma estar associada a outros crimes. “Quase 70% das fazendas não possuem registro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o que mostra que além do trabalho escravo pode haver grilagem de terras”.
De 1995 até 2005 aproximadamente 18 mil pessoas foram libertadas do trabalho escravo, em ações dos grupos móveis de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego.
Agência Brasil