Tem muitos brasileiros que vivem nos Estados Unidos e que não gostam de nada do que a presidência de Lula respresenta. Não gostam desde a origem do presidente, seu estilo, suas estratégias e suas reações aos escândalos, que, vez por outra, chacoalham com seu partido e sua gestão.
Da mesma forma, Lula tem um grande número de admiradores e fãs entre os mais de 1,3 milhão de brasileiros que vivem nos Estados Unidos. Fãs de sua origem e saga, seu estilo, suas estratégias e passam por cima de suas reações aos mesmos escândalos já citados no parágrafo anterior.
Não me alinho com nenhuma das duas torcidas. Até porque, “torcida” significa “tomar partido de forma incondicional e passional” e eu sou desses dinossauros que ainda acreditam que o bom senso, julgamento equilibrado e equidistante, fazem enorme bem à saúde individual e coletiva.
A conquista para o Rio de Janeiro dos Jogos Olímpicos de 2016 é um desses momentos luminosos
da “Era Lula”. Sim. Porque concorrer com nações mais desenvolvidas do que o Brasil – como Japão, Estados Unidos e Espanha – e ganhar, pode levar a população a questionar fortemente o preço a ser pago para sediar o maior evento esportivo do Planeta.
E o pior é que, “macaqueando” essas nações, temos muitos brasileiros que tentam usar os mesmos argumentos para serem contrários à candidatura do Rio.
O Rio e o Brasil só têm a se beneficiar com a relização das Olimpíadas e mais abaixo vou enumerar algumas razões que, penso, são irrefutáveis. Mas, antes, quero esclarecer porque considero a vitória na corrida pelos Jogos de 2016 como uma vitória e um ponto brilhante da “Era Lula”.
Porque o governo brasileiro, nesta administração, não tem agido “à francesa” e tentado se distanciar de envolvimentos que na verdade, são anseios de grande parte da população. Assim foi com o Pan-Americano, que, apesar de definido ainda na gestão de FHC, foi “concretizado” já na primeira gestão de Lula, que deu todas as garantias para que o evento – que é apenas de “médio porte” – ocorresse no Rio.
Essa postura alicerçou a base que permitiu a inquestionável vitória do Brasil na realização da Copa de 2014. E essa atitude ampliou-se de forma a permitir aquela que era tida como a mais improvável das conquistas: as Olimpíadas de 2016.
Uma das bases do crescimento de uma nação é o nível de auto-estima de sua população. E na arena do orgulho mundial, ter capacidade de realizar eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas é algo de um valor inestimável.
Andando pelas ruas de New York, no último fim de semana, ao sermos identificados como brasileiros, recebemos dezenas de cumprimentos e aplausos pela conquista dos Jogos.
Lula é um mestre quando se trata de trazer para a esfera mais alta do poder, alguns dos sentimentos e anseios mais genuínos do povo brasileiro.
Certamente há inúmeros pontos a se questionar em sua gestão já de 7 anos, mas certamente entre os pontos que qualquer pessoa de bom senso tem que louvar, está o de lutar, pessoal e apaixonadamente, pelas conquistas do Brasil. A Olímpiada Rio 2016 é uma importante, histórica vitória do Brasil.
Sou de uma geração que achava impossível ao Brasil sequer voltar a sediar os “mais ou menos’ Jogos Pan-Americanos. Pelo eterno estereótipo de nosso pouco apego à organização, planejamento e disciplina (o que, sabemos, é mais estereótipo do que realidade,), pela histórica preguiça e desinteresse demonstrado pelos nossos governantes com mobilizações dessa ordem. Por tudo, enfim. Apesar de sermos a pátria do futebol, tivemos que esperar mais de 50 anos para sediar uma Copa novamente, enquanto nossos amigos mexicanos sediaram duas num espaço de apenas 16 anos (1970 e 1986).
Os Jogos Pan-Americanos haviam sido realizados apenas uma vez no Brasil, em 1963 (São Paulo) e depois de terem sido sediados por cidades muito menos capacitadas do que as dez maiores cidades do Brasil, veio para o Rio como quase “um milagre”.
Quando a candidatura do Rio às Olimpíadas começou a tomar corpo, 12 anos atrás, era mais motivo de piada do que qualquer coisa. Os incrédulos devem estar morrendo com a boca cheia de formigas.
Os anti-Lula têm mais essa dor-de-cabeça para curar. O Brasil de Lula, que desfruta de um nível de simpatia e credibilidade como nunca antes o país teve no exterior, está dando show de bola numa área em que, antes, éramos meros coadjuvantes.
Quem tiver bom senso e inteligência, nessa hora, tem mais é que aplaudir.