A paulista Catyana Skory é a única artista forense do Broward Sheriff’s Office e faz parte de uma minoria desse grupo de especialistas trabalhando em todo o país. Catyana trabalha na Criminal Forensic Division do BSO e fez uma exposição, ao lado do Major Fernando Gajate, diretor do Bureau of Human Resources do BSO, na última aula do Brazilian Citizens Academy, sobre o que é a arte forense e quando são envolvidos nas investigações.
“A arte forense é uma combinação de arte e ciência. Artistas forenses devem ter conhecimento de técnicas de entrevista, psicologia cognitiva e anatomia facial para completar o relatório falado”, explica a paulista, na apresentação.
Catyana conta, no entanto, que existem somente 55 artistas forenses trabalhando na área de formação em todo o país. Ela demorou oito anos para encontrar este trabalho no BSO, tendo antes que trabalhar em outras áreas de investigação junto à polícia.
A pergunta chave feita à testemunha de um crime em relação a um criminoso desaparecido é: “será que você reconheceria essa pessoa, se você a visse outra vez?” Se a resposta for sim, há uma boa chance de que o artista forense possa produzir um retrato falado. No momento da entrevista com a vítima, o artista tem técnicas de como agir calmamente e sobre a utilização de um interrogatório cognitivo para extrair informações da testemunha. Com a utilização de fotografias de referência, o artista e a vítima acabam criando uma imagem genérica do procurado.
Conheça mais sobre a paulista Catyana Skory, artista forense do BSO.
ENTREVISTA
Gazeta Brazilian News – Conte-nos um pouco sobre sua raiz brasileira.
Catyana Skory -
Nasci em São Paulo e minha mãe é de Registro, no interior do estado. Meu pai é americano e trabalhava no Peace Corps. Hoje tenho 37 anos de idade e vim para os Estados Unidos com um ano apenas, mas sempre visitei minha avó, que era japonesa, nas férias de verão. A última vez que fui ao Brasil foi há mais ou menos três anos, quando ela faleceu, por isso faz tempo que não pratico meu português.GBN – Há quanto tempo trabalha no BSO e como é a formação para ser uma artista forense?
CS -
Estou no BSO há pouco mais de quatro anos e estou formada há 12. Tenho bacharelado em Antropologia pela State University, em Nova York, onde me formei em 1996, e fiz mestrado em Ciência Forense na George Washington University, onde me formei em 2000. Para me especializar, fiz alguns cursos como um de três semanas no FBI, de Forensic Facial Imaging. Já trabalhei como investigadora em cena de crime com a polícia de Virgínia, já que não há muito trabalho na área de arte forense. Existem somente 55 artistas forenses trabalhando em tempo integral em todo o país, por isso muitos acabam trabalhando em outros cargos junto à polícia. Venho de uma família de artistas: minha avó pintava Sumi-e, (um tipo de pintura asiática), e minha mãe, que vive em Nova York, faz aquarela. Eu resolvi estudar antropologia e foi durante o curso que decidi usar a arte para algo mais importante, que não fosse só pintar quadros. Não havia universidade específica para a arte forense e eu sabia que precisava fazer mestrado em Forensic Science.GBN – Quantos artistas forenses existem no BSO e com que frequência você é chamada para ajudar nas investigações?
CS –
Eu sou a única artista forense, mas há dois outros desenhistas que fazem retrato falado. Quando há vítimas e/ou testemunhas de um crime, marco para encontrá-las em um dos escritórios do BSO, trabalho com outros policiais. O meu trabalho consiste na reconstrução facial de mortos e falecidos, clarificação de imagens e vídeos, progressão de idade. Caso necessário, detetives me chamam e eu vou até a cena do crime, ou vou falar com a vítima e/ou testemunha, ou vou até o necrotério. Em caso de mortos sem identificação, vou para o necrotério tirar fotos e depois fazer a imagem e procurar os familiares. Muitas vezes trabalho com os ossos de desconhecidos de 30 ou 40 anos atrás para encontrar familiares, que aparecem com frequência depois que publicamos uma imagem aproximada do morto.GBN – Como as pessoas podem condicionar sua memória para lembrar de criminosos? Em que devemos prestar atenção?
CS -
Sempre preste atenção à sua volta e prenda-se a detalhes que não possam mudar, como o formato do rosto, detalhes importantes, raça da pessoa. A roupa, estilo e cabelo podem ser mudados facilmente.
