Fracassou a tentativa do brasileiro Mércio Eliano Barbosa, de 28 anos, que morava nos Estados Unidos, de aplicar o chamado golpe do seguro. A farsa montada por ele e pelo papi-loscopista, João Alcione Cavalli, de 47 anos, foi descoberta. Ambos foram presos em Curitiba, no Paraná.
De acordo com a polícia, o Mércio comprou um cadáver do papiloscopista para forjar a própria morte e aplicar um golpe que o permitiria receber $1,6 milhão da seguradora norte-americana New York Life Insurance. Com o atestado de óbito falso, a mulher dele poderia receber o dinheiro do seguro nos Estados Unidos.
Além das apólices de seguro, Barbosa fez o consórcio de uma GM Blazer no valor de R$ 130 mil no nome e endereço de Andrade, seu amigo. “Barbosa entregava o dinheiro a Andrade para fazer o pagamento das mensalidades e, após sua suposta morte, conseguiria quitar o consórcio e dar uma parcela do dinheiro a Andrade”, informaram policiais que participaram da investigação.
A seguradora, porém, desconfiou da morte de Barbosa e repassou algumas informações à polícia brasileira.
Orkut
Segundo o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, a participação de Cavalli foi confirmada por Barbosa em depoimento. Para chegar até o funcionário, ele disse ter usado o site de relacionamentos Orkut, onde deixou recados para eventuais interessados em participar do golpe.
Os outros dois presos são a irmã de Barbosa, Daiana, 20, que foi detida por ter acompanhado Cavalli ao IML para “reconhecer” o corpo do irmão, e o colega de Barbosa Cristian de Andrade, 30. Ele foi preso porque emprestou, segundo a polícia, seu nome para o amigo financiar a compra de uma camionete por R$ 130 mil. Quando o dinheiro fosse liberado pela seguradora, o veículo seria quitado por Barbosa e o amigo receberia uma gratificação.
Outro lado
O papiloscopista João Alcione Cavalli negou, em depoimento, ter negociado a venda de cadáver para uso em golpe, informou o secretário da Segurança Pública do Paraná.
Segundo o secretário Luiz Fernando Delazari, Cavalli também negou conhe-cer ou ter mantido encontros com o suspeito de ser o mentor do suposto golpe nos Estados Unidos, Mércio Eliano Barbosa, titular de apólice de seguro de vida que forjou sua própria morte.
O servidor também irá responder sindicância que pode resultar em sua exoneração da Polícia Civil.
Nenhum dos quatro suspeitos ou seus advogados se pronunciaram sobre o assunto.
Sobre a participação de Barbosa, o secretário afirmou que ele confessou os crimes e ajudou nas investigações. “Foi ele quem identificou o funcionário do IML”, disse.
Delazari disse que outros servidores do IML de Curitiba podem estar envolvidos no caso e em outros golpes semelhantes contra seguradoras.

