Depois de passar 45 dias detido pela imigração, o mineiro Emerson Silva Paula, que há três anos vive na Flórida, reconquistou sua liberdade, graças a uma campanha iniciada há duas semanas pelo jornal Gazeta, e graças ao empenho da advogada Iara Morton que, contactada pelo Gazeta,imediatamente prontificou-se a prestar gratuitamente seus serviços a Emerson.
Na sexta-feira (8), Emerson voltou para casa, e comemorou com a família e a advogada mais do que a própria liberdade, a satisfação de poder continuar acreditando que a solidariedade e a competência são capazes de transformar inteiramente uma história de vida.
Há um mês e meio, Emerson deixou sua casa, em Fort Lauderdale, para buscar trabalho como pintor e pedreiro em Jacksonville. Ao chegar lá, na rodoviária, foi abordado por um oficial de imigração, e preso. “É o seu dia de sorte”, disse o agente de imigração. De origem humilde, Emerson e sua esposa, Claudete Oliveira, não tinham dinheiro para pagar um advogado.
Tiveram que contar com a boa vontade de amigos e dos companheiros da igreja evangélica para alimentar os filhos Anna Clara, de 5 anos, e João Victor, agora com cinco meses, e para pagar o aluguel. Sem falar inglês, Claudete tentou encontrar algum trabalho como baby sitter, que a permitisse também tomar conta dos filhos, mas não teve sucesso.
Quando tudo parecia perdido, Claudete buscou a ajuda do jornal Gazeta News. Por intermédio do Gazeta, a advogada especializada em direito de imigração, Iara Morton, tomou conhecimento do caso de Emerson, e não mediu esforços para dar a ele a chance de aguardar em liberdade o julgamento definitivo de seu processo.
Iara Morton explica que, embora tenha sido libertado, Emerson permanece em processo de deportação.
“O processo dele agora será transferido da corte de imigração do centro de detenção Krome para a corte de imigração em downtown Miami, e deve demorar cerca de três meses para que ele receba a notificação de sua próxima corte”, explicou Iara Morton.
Emerson foi liberado mediante fiança de $5 mil, valor considerado “excelente” pela advogada, diante do atual ambiente pouco favorável em matéria de imigração no país. A notícia de que a fiança havia sido fixada em $ 5 mil foi comemorada pela advogada, mas caiu como uma bomba para Emerson e Claudete, que não tinham como reunir o valor.
Iara Morton apresentou o próprio cartão de crédito como garantia do pagamento futuro da fiança. “Usei o meu cartão sem temor... tenho total confiança neles, e não tenho porque duvidar da honestidade do casal. Eles têm bom caráter e boa conduta. Senti que mereciam”, resumiu Iara Morton.
A data inicial marcada para a audiência de Emerson na corte, 07 de setembro, foi adiada e remarcada para outubro, visto que a juiza encarregada do caso não estaria presente naquela data. Sofrendo de convulsões na prisão, por força de um problema de saúde anterior, e com a mulher e os filhos sem qualquer fonte de renda na sua ausência, ele desesperou-se.
O empenho e determinação da advogada foram também fundamentais para agilizar o processo de saída de Emerson da prisão. Por telefone, Iara Morton entrou em contato com o promotor público encarregado do caso, Mike Mansfield e com os responsáveis pela marcação da audiência na corte.
Após muita negociação, desgaste e desentendimentos, a advogada conseguiu a marcação da audiência para dois dias depois. “O advogado do governo foi super profissional e gentil, mas na corte fui atendida por três pessoas extremamente grosseiras. Fiquei chocada e disse que escreveria reclamando de todos. Mas, finalmente, as águas baixaram e tudo se resolveu. Mas me comovi muito quando Emerson me ligou. Ele estava muito infeliz com o adiamento da audiência, e chorou muito quando soube que poderia sair em dois dias ”, lembrou Iara.
- Foi indescritível a volta para casa, uma sensação maravilhosa. Quando estava lá, pensei que ía ser deportado e voltar para o Brasil em situação pior do que cheguei. Mas graças a Deus surgiram o Gazeta e a Dra. Iara Morton, com quem temos uma dívida de gratidão para sempre. Eu ganhei a vida de volta”, comemorou Emerson.
Emerson e sua família contaram também com o apoio e solidariedade da equipe da Rádio Brasil, ligada ao jornal Brazilian Paper, que fez apêlos para arrecadação de dinheiro. “Arrecadamos $900 ao todo com a campanha da rádio, o que nos ajudará muito a cumprir com os nossos compromissos. Também nossos familiares que moram no norte e o pessoal da igreja ajudaram”, diz Claudete.
Entre as pessoas que colaboraram com a campanha de arrecadação feita pela rádio Brasil, estão as garçonetes do Restaurante Renascer, lideradas por Beth, a proprietária da Padaria Brasil 2000, e a loja de Cd’s Pantanal.
- É uma dívida que não tenho como pagar, é uma gratidão muito grande – disse Emerson. Ele pretende agora voltar à sua vida normal, até que seu destino seja decidido pela justiça. Ele recomenda aos demais brasileiros que estão no país sem status legal, que se previnam e evitem qualquer problema com a polícia, porque sua ficha limpa foi fundamental para que a advogada pudesse trabalhar a seu favor. “Tem que andar o mais correto possível. Se cair lá com problemas, já era. E tem que torcer para ter a sorte de encontrar uma advogada tão competente como a Dra. Iara”, disse.