Em 7 de dezembro de 1987, a capital do país foi condecorada como o único lugar no mundo com menos de 100 anos com o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. Com 112,25 km², o patrimônio cultural de Brasília constitui a maior área tombada do mundo.
O título é recente, mas já está em risco exatamente por quem deveria cuidar dele: o Governo do DF, que enviou à Câmara Legislativa um Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) repleto de propostas que podem deformar o traçado urbanístico da cidade.
Os deputados distritais não podem aceitar pressão do GDF e apressar a votação da matéria sem promover um amplo debate com a sociedade e estabelecer um processo formal de consulta, por meio de uma comissão constituída pelo governo federal, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Universidade de Brasília (UnB), o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e organizações da sociedade.
O projeto elaborado pelo governo do Distrito Federal, que conta com mais de 200 artigos, além de anexos e planilhas, é complexo e não evidencia como ficará a cidade após as modificações propostas. As alterações propostas no tal PPCUB não estão claras nem para os especialistas, arquitetos e urbanistas, muito menos para a população.
O título de apenas 26 anos não pode ser colocado em risco por pressão da especulação imobiliária e outros interesses suspeitos. *Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF

