Desde que o movimento ganhou mais adeptos, o grupo conhecido como Minuteman resolveu atacar em uma nova frente: a política norte-americana.
Quando começou, há um ano, o grupo formado no Arizona por voluntários munidos de binóculos e visores noturnos limitava suas atividades a fiscalizar a fronteira entre os Estados Unidos e o México, e informar a Guarda da Fronteira quando avistavam imigrantes ilegais tentando ingressar ilegalmente nos Estados Unidos.
Mas desde que o movimento ganhou mais adeptos, o grupo dos guardiões da fronteira, conhecido como Minuteman, resolveu atacar em uma nova frente - a política americana.
Um de seus integrantes, Randy Graf, é candidato a deputado pelo Partido Republicano nas eleições de meio período do próximo dia 7 de novembro. Em sua plataforma, ele defende a adoção de medidas judiciais contra imigrantes ilegais que estão nos Estados Unidos e o fim de assistência médica e educacional aos imigrantes sem documentação.
Além da possibilidade de contar com um congressista identificado com sua causa, os 8 mil voluntários da organização também estão fazendo campanha por diversos políticos republicanos que defendem idéias semelhantes às do grupo.
“Já manifestamos apoio a 20 candidatos em diferentes estados americanos. E conseguimos recolher várias doações para eleger os políticos certos para o cargo. Acreditamos que veremos uma transformação no governo”, disse à BBC Brasil Carmen Mercer, vice-presidente do grupo.
Segundo ela, o presidente da organização, Chris Simcox, está fazendo uma verdadeira maratona por diversos Estados americanos para participar de comícios e eventos de campanha.
Fronteira segura
Paralelamente à política tradicional, o grupo também visa chamar atenção para sua causa, a de tornar a fronteira americana mais segura contra a entrada de ilegais, através da construção de um muro em fazendas particulares situadas na divisa com o México.
De acordo com Mercer, a iniciativa se deu porque o grupo não quer esperar pela da construção da barreira “oficial” na fronteira entre Estados Unidos e México. O projeto de lei aprovando a construção do muro já foi aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente americano, George W. Bush.
A cerca entre os dois países deverá custar cerca de US$ 6 bilhões e terá cerca de mil quilômetros. Mas não há uma data prevista para sua implantação.
“Não podemos esperar mais. Se a barreira for construída, ela tenderá a dar certo, mas não sabemos quando e como isso irá acontecer. Por isso, estamos construindo o nosso próprio muro em propriedades particulares”, afirma a vice-presidente.
“Cada vez mais fazendeiros estão se oferecendo, para que nosso muro passe por suas terras. O povo americano está farto. Somos contra as propostas de anistia a ilegais e contra o programa de visto provisório”, diz ela, em menção a duas teses propostas pelo presidente Bush.
Vigilantes
Bush já afirmou ser contra a existência dos Minutemen e chamou-os de uma organização de “vigilantes” [nos EUA o termo pode ter a conotação negativa de alguém que faz justiça com as próprias mãos]. Carmen Mercer retruca: “Após os ataques de 11 de setembro, o presidente Bush disse que os americanos precisavam estar vigilantes para novas ameaças.”
“É o que estamos fazendo, mas sabemos que o termo tem uma carga negativa. Somos seguidores da lei e nos últimos cinco anos já salvamos ao menos 250 vidas, ao darmos água e auxílio a pessoas que estavam perdidas há dias no deserto.”
Mercer diz não ser contra imigrantes, apenas contra a presença de ilegais e contra uma fronteira, em seu entender, desguarnecida, que possibilita a entrada de terroristas em solo americano.
“Eu própria sou imigrante. Nasci na Alemanha e tive de esperar por dois anos até me tornar cidadã americana, em 1999. Não se sabe quem são essas pessoas que estão tentando permanecer aqui. Por isso, como podemos dar-lhes anistia? Um simples exame médico não dá conta, porque não sabemos que tipo de doença eles podem estar trazendo para cá.”
De acordo com a ativista, os próprios americanos também são responsáveis pela atual situação e pelos cerca de 12 milhões de imigrantes ilegais que residem no país.
“Muitos grandes empresários nos Estados Unidos querem a contribuição dos ilegais. Só que eles os pagam por debaixo do pano e o ônus recai sobre o contribuinte americano. Uma vez que punirmos esses empregadores e fecharmos suas empresas, a situação também irá melhorar”.
Se os eleitores do Arizona atenderem ao slogan de campanha de Randy Graf, “leve um Minuteman para o Congresso”, o grupo pode estar dando um passo significativo neste sentido.