Apenas duas semanas após a instalação de câmeras pela prefeitura de Orlando, masi de 1,1 mil motoristas foram flagrados avançando o sinal vermelho. A instalação das câmeras faz parte de um novo sistema de vigilância de tráfego implementado pela adminsitração da cidade de Orlando.
Instaladas em sete cruzamentos da cidade, as câmeras têm flagrado motoristas em todas as horas do dia e em, praticamente, todo tipo de veículo, desde carros esportes até grandes caminhonetes. Os infratores recebem, pelo correio, a foto da infração, além de acesso ao web site que mostra o vídeo do veículo no momento em que foi multado.
Os motoristas que ultrapassaram o sinal vermelho já começaram a enviar seus cheques de $125 para a prefeitura. Uma delas, Michele Biecker, moradora de Orlando, extravasou sua fúria com o novo sistema, escrevendo no envelope a palavra “ladrões”. Escreveu também: “Eu odeio esta cidade”.
Mike Rhodes, responsável pelo programa e pelo departamento Execução do Código Municipal, diz entender o aborrecimento dos motoristas. “As pessoas ficam chateadas. Eu não sei mais o que dizer. Eu entendo. Cento e vinte e cinco dólares é muito dinheiro”, diz ele.
Biecker não tem motivos para sentir-se chateado. Pelo menos ela não é um dos 11 infratores reincidentes, incluindo três que receberão multa de $250, uma vez que as multas são cobradas em dobro, quando há reincidência pela terceira vez.
Motoristas que entendem estar sendo acusados indevidadmente podem recorrer da multa a um hearing officer (auditor). A primeira sessão com os auditores ocorrerá em meados de outubro.
Nove, entre 10 infrações ocorreram quando o motorista entrou no cruzamento dois minutos ou menos depois de o sinal ter mudado de amarelo para vermelho, mostram as imagens.
Isso significa, afirmam críticos da medida, que as câmeras não são tão sensíveis e tornam motoristas que, inadvertidamente, cruzam um sinal vermelho em um infrator, obrigado a pagar multa de $125.
- Essas não são ações que coloquem em risco a segurança da populaçãso. Qualquer policial honesto não emitiria uma multa em uma situação desssas – disse Greg Mauz, um ativista do Texas que tem lutado contra o sistema de câmeras, em todo o País, há mais de uma década.
Ele alega que as câmeras podem acabar provocando acidentes, ao invés de reduzí-los porque as pessoas serão obrigadas a frear bruscamente, a fim de evitar multas, e, possivelmente, causarão colisões com veículos que estejam muito próximos.
Agentes da prefeitura dizem não ter tomado conhecimento de nenhum acidente do tipo, e reafirmam que todas multas emitidas são justas. Eles também argumentam que uma vez que as pessoas entendam que as câmeras estão operando, reduzirão a velocidade e dirigirão de forma mais cuidadosa e segura.
A melhor maneira, e mais barata que reduzir o número de motoristas infringindo o sinal vermelho é aumentar o tempo de permanência da luz amarela, e assegurar-se que todos os sinais permaneçam vermelhos nos cruzamentos por alguns momentos extras, a fim de permitir que o tráfego se dissipe, explica o professor da Universidade de South Florida, em Tampa, John Large.
Ele acredita que os grandes beneficiários do sistema de câmeras não são os motoristas, mas as adminsitrações das cidades que os aprovam, e as empresas que operam os sistemas.
“O dinheiro não está sendo usado para melhorar a segurança pública, ou para me-lhorar as avenidas e estradas. A maior parte está indo para empresas privadas”, alerta Large.
Rhodes estima que a cidade de Orlando poderá arrecadas cerca de $500 mil este ano, caso o número de multas emitidas mantenha-se o mesmo. A empresa que aluga as câmeras e equipamentos de monitoramento, Lasercraft of Altanta, deverá receber cerca de $600 mil.
Rhodes, no entando, descarta o argumento sobre a parte monetária, afirmando que o principal objetivo da cidade é tornar suas ruas e avenidas mais seguras para motoristas e pedestres. Ele diz esperar que o número de multas caia, quando começar a ser feita a propaganda “boca a boca” sobre as câmeras.

