A carioca Alessandra Calmon Santo, que vive em Boca Raton, respira aliviada após ter recebido de volta o seu telefone celular, um iPhone, que havia perdido no supermercado, no último dia 5. Quando se deu conta da perda, a primeira coisa que Alessandra fez foi ligar para o próprio número e utilizar o aplicativo “Find my iPhone”, na esperança de recuperar o aparelho. Porém, sem sucesso, pois ela mesmo sabia que a bateria do aparelho estava próxima do fim.
“Fiquei apavorada não pelo aparelho em si, mas pelo que estava nele, como informações de clientes, de banco, minhas fotos - tinha acabado de chegar de viagem. Minha vida estava ali”, ressalta.
Mas, o que parecia literalmente perdido, teve um final feliz. “Um homem ligou para o meu marido para devolvê-lo! Encontramos com ele, a esposa e o filho no McDonalds. Quando encontrou o aparelho, ele colocou para carregar e ligou para o número que enviei pelo “Find my iPhone’”, conta. “Fiquei feliz em saber que existem pessoas boas e honestas por aí”, completa.
O homem trata-se Ray, um americano que trabalha como ‘handyman’. Como forma de agradecê-lo, Alessandra tem divulgado o seu cartão de visita, através do Facebook, para divulgar os serviços que ele presta.
Mas, nem todo mundo tem a sorte de Alessandra. A também brasileira, Leila Rosa Gois, esqueceu seu aparelho celular, um Samsung Galaxy, no banheiro do shopping Sawgrass Mill. Poucos minutos depois, ao se dar conta, voltou rapidamente ao lugar, mas em vão. “Fui a uma loja e chamei meu número várias vezes, mas ninguem atendeu. Fui ao Achamos & Perdidos, e nada tinha sido entregue lá. Deixei meus dados com eles, mas nunca mais eu vi a cara do meu telefone”, conta. “Honestidade hoje em dia é algo que tem que ser reconhecida e valorizada, quando na verdade deveria ser uma obrigação e natureza do ser humano”, desabafa Leila.
Perigos da tecnologia
Cada vez mais modernos, os aparelhos de telefone celular atuais tornaram-se indispensáveis no dia a dia. A tecnologia virou uma aliada à praticidade e agilidade, substituindo o telefone fixo, o computador e até mesmo a ida ao banco. Tantos aplicativos disponíveis, além de serem um atrativo a mais, transformou-se em vício para muita gente. Nesses pequenos aparelhos estão centenas de fotos, vídeos e diversas senhas, que dão acesso a email pessoal e profissional, cloud, Facebook, Instagram, Twitter, Whatsapp e muito mais.Pesquisa
Uma pesquisa realizada pela primeira vez na América Latina, durante os meses de outubro e novembro de 2013, uma versão brasileira do projeto chamado Honey Stick, conduzida pelo pesquisador de segurança Scott Wright, da Security Perspectives Inc., apontou que nove em cada dez celulares perdidos são violados por aqueles que encontram o aparelho.Para realizar a pesquisa, transmitida no último fim de semana pelo “Fantástico”, da “Rede Globo”, e publicada pelo portal “UOL”, foram “perdidos” 30 smartphones em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Os dispositivos móveis utilizados foram modificados para que pudessem ser monitorados remotamente tudo o que pessoas fizessem com os aparelhos, como, ligações telefônicas, acesso aos aplicativos, documentos e fotos, por exemplo.
O experimento Honey Stick apontou que 90% dos smartphones perdidos tiveram dados pessoais e profissionais acessados. Em apenas 27% dos casos, houve a tentativa de devolução do celular - o que não implica na ausência do acesso prévio aos dados.
A pesquisa também apontou que 83% dos dispositivos foram acessados para obter informações pessoais e usar aplicativos particulares. Para informações empresariais e aplicativos de trabalho este número cai para 53%; 47% dos equipamentos foram acessados para obter ambas informações. Em média, uma vez perdido, o telefone levou cerca de três horas antes de ser acessado pela primeira vez. Cerca de 50% dos equipamentos levou uma hora antes de ter o primeiro acesso; 70% apresentou acesso a fotos particulares e 47% em redes sociais e senhas; 40% registraram tentativa de acesso a serviços bancários; 37% em planilha de salários; e 30% em e-mails corporativos.
Como se proteger de uma possível ‘dor de cabeça’
Para manter as informações seguras em dispositivos móveis, a Symantec dá dicas a consumidores e empresas: 1. Utilize o recurso de bloqueio de tela e determine senhas complexas; 2. Use softwares de segurança originais, atualizados e desenvolvidos especialmente para smartphones: Estas ferramentas podem barrar hackers e impedir que criminosos cibernéticos roubem informações ou espionem usuários de redes de Wi-Fi públicas. Além disso, esta solução pode, muitas vezes, ajudar a localizar um aparelho perdido ou roubado ou então bloqueá-lo e apagar dados remotamente; 3. Mantenha o dispositivo móvel sempre à vista: É importante que os usuários fiquem atentos aos locais onde deixam seus smartphones e, se possível, usem etiquetas ou estojos que possam diferenciá-los de outros aparelhos iguais ou parecidos; 4. Desenvolva e empregue políticas rígidas de segurança nas empresas: As organizações – principalmente aquelas que incentivam o uso de equipamentos pessoais no ambiente de trabalho – devem conceber políticas de segurança online aos colaboradores e mantê-las sempre atualizadas. Paralelamente, a educação constante dos funcionários em relação à ela e softwares para gestão de dispositivos móveis e segurança móvel pode ajudar na proteção de dados corporativos; 5. Faça um inventário dos smartphones que se conectam a rede da empresa: Isso é importante porque não é possível proteger e gerenciar o que não é conhecido. Paralelamente, é essencial assegurar a segurança das informações contidas no equipamento, além do aparelho propriamente dito.

