Os mineiros residentes em Minnesota, Simone Oliveira Xavier e Rene Xavier Filho começaram no mundo das vendas on-line em 2008, para suprir a procura de amigos e familiares brasileiros por produtos vendidos nos Estados Unidos. A ideia fez tanto sucesso que hoje se tornou a Sigma Beauty, loja de produtos de beleza on-line, que tem cerca de 500 revendedores autorizados e 10 mil afiliados por todo o mundo, além da primeira loja “off-line”, aberta em dezembro de 2012.
O casal se mudou para New Brighton, Minnesota, para que Simone, hoje com 39 anos, fizesse mestrado em veterinária. O engenheiro civil Rene, 40 anos, acabou ingressando mais tarde em um mestrado em administração de empresas. Rene sempre foi um empreendedor e Simone construía sua carreira acadêmica, lecionando, a partir de 2005, na Universidade de Minnesota.
Em 2008, vendo a demanda de amigos e familiares, o casal criou o site SigmaShopping.com, para exportar produtos comprados nos EUA para brasileiros. “A pessoa dizia o que queria, colocávamos no site, ela comprava e enviávamos”, explicou Rene, que já trabalhou com desenvolvimento de pincéis para pintura. “Um dia, uma pessoa encomendou um pincel de maquiagem da marca Mac, recebi o produto, analisei e pensei que a qualidade poderia melhorar para um pincel de $90 dólares”.
Foi aí que nasceu a ideia. Rene e Simone estudaram e desenvolveram um kit básico de pincéis de maquiagem para vender. Eles perceberam que havia uma demanda muito grande por esses produtos no Brasil e as vendas só cresceram desde então.
A Sigma tem, hoje, uma linha com cerca de 80 pincéis de criação própria. Um deles, criado por Simone, é o F80, pincel para aplicação de base que se tornou referência no mundo inteiro, de acordo com Rene. Além dos pincéis, a marca carrega sua própria linha de maquiagem, como um lápis de olho recentemente lançado.
“Nós desenvolvemos pincéis que não utilizam produtos animais, mas uma fibra sintética. Hoje, temos o melhor pincel do mundo, mas com um preço mais acessível que a Channel, por exemplo”, disse Rene. “Você compra um Rolls-Roice pelo preço de um Toyota”, compara.
Hoje, os brasileiros são apenas 8% dos compradores da Sigma, 40% são estão dentro dos EUA e o restante espalhados pelo mundo.
Casal mergulhou no mundo dos tutoriais
Enquanto desenvolviam os pincéis, Simone começou a acompanhar os tutoriais no YouTube, como o da brasileira e blogueira de moda e maquiagem, Camila Coelho (supervaidosa.com) e Tiffany D, ambas em constante ascensão em suas carreiras dentro do meio.
“Percebemos que o YouTube era uma nova forma de marketing com a quantidade então crescente de tutoriais de todo o tipo”, disse Rene. O casal então enviou os kits para que blogueiras fizessem reviews e, com isso, a marca dos produtos foi ganhando mais credibilidade.
Formas de venda
Além das vendas online pelo site sigmabeauty.com, a Sigma criou diferentes formas de vendas no mundo on-line. Em 2010, foi criado um programa para afiliados. Blogs com tutoriais, por exemplo, carregam um banner da Sigma e, a cada venda feita através desse link, o blogueiro ganha 10%. Hoje, segundo Rene, são 10 mil afiliados em todo o mundo.uitos brasileiros que viajam para os Estados Unidos compram os produtos em atacado para revender no Brasil, fora lojas autorizadas a revender os produtos, como o próprio Amazon, onde a Sigma conta com sua própria loja ou com revendedores autorizados.
Em 2009, Rene resolveu sair de seu emprego, dedicando-se em tempo integral à Sigma, e a vez de Simone foi em 2010, quando deixou de trabalhar na universidade. Para atender a demanda, a Sigma conta hoje com cerca de 70 funcionários nos EUA e 500 na China.
Loja on-line e off-line
Em dezembro de 2012, o casal teve a oportunidade de abrir e primeira loja “off-line” da Sigma, no Mall of Americas, em Bloomington, Minnesota. Mesmo assim, Rene diz que 99.9% das vendas (que chegam ao total de 12 mil ao mês) são online. Mas ele não esperava que fosse diferente.“As pessoas estão achando interessante esse fenômeno de marcas que estão fazendo o caminho inverso”, disse ele, referindo-se a casos de marcas conhecidas por suas vendas on-line que resolveram abrir lojas “off-line”. “Mas abrir uma loja é mais para que as pessoas possam experimentar e tocar nos produtos, não para aumentar as vendas. A loja é onde a parte on-line ganha matéria”.