Os mistérios que envolvem o tão comentado “ponto G” podem ter sido desvendados. Pelo menos é o que afirma uma clínica médica de Lisboa, que está fazendo um tratamento para ajudar as pessoas a aumentarem o prazer feminino nas relações sexuais.
Segundo os médicos, o “ponto G” está atrás do osso púbico, junto a parede da vagina. A região que aumenta o prazer teria, em média, 20 centímetros de diâmetro e, quando devidamente estimulada, eleva o nível de excitação.
“Ao fazer um tratamento que ajuda a elevar a posição desta zona, o prazer sexual da mulher aumenta. Das 25 mulheres que experimentaram esta nova técnica, metade diz estar satisfeita”, disse Robert Erbault, diretor da clínica.
No entanto, para experimentar esta novidade, as mulheres terão de investir uma boa quantia financeira. O tratamento que tem duração entre seis e 12 meses custa 800 euros.
Injeção de colágeno causa polêmica
A injeção patenteada nos Estados Unidos como G-Shot não tem a aprovação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil e é encarada com desconfiança pela maioria dos médicos. Por outro lado, quem aplica o produto no chamado “ponto G” da vagina feminina defende sua eficácia, assim como quem se submeteu à operação.
Por que fazer
Muitas mulheres deixam de ter orgasmos vaginais depois de passar por uma depressão do chamado ponto G, causada por envelhecimento, flacidez da musculatura vaginal ou traumatismos. Em outros casos, uma malformação congênita dificulta esse tipo de orgasmo.
Aplicando de 0,5 a 1 ml de colágeno – a cada ano –, em um ponto excitante previamente identificado com estímulos elétricos ou manuais, o introdutor da técnica no Brasil, Murillo Caldeira Ribeiro, alardeia orgasmos vaginais mais rápidos e intensos.
“Funciona pra todas as mulheres, em qualquer idade”, afirma o cirurgião plástico, que já realizou mais de 500 aplicações e é procurado por, em média, quatro mulheres todas as semanas para a realização do procedimento.
Caldeira pretende apresentar a técnica oficialmente no X Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica e justifica a desaprovação da ANVISA e de outros profissionais pela burocracia e falta de informações. Ele nega ainda qualquer risco de infecção durante o procedimento.
Por que não fazer
Originalmente utilizado para cicatrização, o colágeno, ou ácido hialurônico, é uma proteína que dá sustentação e elasticidade à pele. A substância é aprovada pela ANVISA para o preenchimento de rugas e outros procedimentos simples, mas não para o aumento do ponto G.
Na verdade, o primeiro fator controverso sobre o procedimento é o próprio ponto G. “Não existe um consenso de que ele exista. Já foram feitas várias biópsias e nunca viram nenhuma alteração anatômica nesse ponto”, diz Carolina Ambrogini, ginecologista e coordenadora do projeto Afrodite de sexualidade feminina da Universidade Federal de São Paulo.
Carolina diz que o que talvez explique uma maior sensibilidade de algumas mulheres nessa região é o fato de o clitóris possuir uma parte interna que em alguns casos tem sua base repousada sobre esse ponto.
Assim, para a ginecologista, que não acredita também que exista um orgasmo vaginal, mas somente clitoridiano, a injeção de colágeno teria “com certeza um efeito placebo” – bastaria acreditar na eficácia da operação para que desse certo.
Isso porque o orgasmo vai muito além do estímulo físico de um ponto de prazer. “O orgasmo é essencialmente mental. É um processo de fantasia e excitação que te leva ao cume do prazer. Não é um botão que você aperta”, defende ela.

