As primeiras conclusões sobre oacidente aéreo comunicadas pelo Secretário Nacional de Segurança Aérea da Colômbia, Freddy Bonilla, afirmam que a aeronave da companhia boliviana LaMia estava sem combustível no momento do choque, o que indica a possibilidade de ter existido nos instantes anteriores uma pane elétrica.
"Podemos afirmar claramente que o avião não tinha combustível no momento do impacto. Uma das hipóteses com que trabalhamos é que como a aeronave não tinha combustível, os motores se apagaram e houve pane elétrica", disse Bonilla em entrevista coletiva no aeroporto Olaya Herrera, no centro da cidade, na noite de quarta, 30.
O Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (IML) colombiano terminou o reconhecimento dos 71 corpos das vítimas do acidente aéreo.
O presidente em exercício da Chapecoense, Ivan Tozzo, informou que o velório de vítimas da tragédia com o voo da delegação do clube vai ocorrer na manhã de sábado, dia 3.Ainda não há um número oficial de corpos a serem velados na Arena Condá, em Chapecó (veja vídeo acima). A expectativa, pela manhã, era de que pelo menos 51 vítimas sejam veladas no estádio. São aguardadas 100 mil pessoas na despedida.
A conversa com a torre de controle
Um áudio de cerca de 11 minutos, divulgado na tarde de quarta-feira, 30, pela Blu Radio, da Colômbia, revela pedidos insistentes do piloto do voo Lamia 2933 para pousar, no que seria a última conversa que ele teve com a torre de controle do aeroporto José Maria Córdova, em Medellín.
A gravação mostra o piloto Miguel Quiroga relatando falta de combustível no avião e pedindo várias vezes para pousá-lo momentos antes do acidente. O primeiro pedido é feito logo aos dois minutos da gravação.
À solicitação do piloto, uma controladora responde que a “próxima chance” para pouso seria dali a sete minutos, porque havia uma emergência com outra aeronave – um Airbus da Viva Colombia – sendo atendida naquele momento.
Por isso, ela dá ordens para que o avião que transportava o time catarinense permaneça no ar. Em seguida, autoriza a aproximação da outra aeronave.
A conversa se estende até o pedido final de Quiroga, já em tom de desespero, aos nove minutos:
– Senhorita, Lamia 2933 está em falha total, falha elétrica total, sem combustível – grita o piloto.
– Pista livre e com chuva sobre a superfície, Lamia 2933. Bombeiros acionados – responde a controladora.
Na sequência, em três frases rápidas, o piloto pede à torre as coordenadas para pousar, no que é atendido. Então, a controladora pergunta a altitude do avião. O piloto responde e solicita com urgência a direção da pista:
– 9 mil pés, senhorita. Vetores (direção), vetores... – são as últimas palavras gravadas do piloto.
Depois, a torre avisa que o avião da Chapecoense está a 8.2 milhas (cerca de 13 quilômetros) da pista de pouso. Na próxima pergunta sobre altitude, o piloto não se comunica mais. Os chamados dos controladores duram mais dois minutos.
Segundo especialistas, a altitude segura para um avião sobrevoar a região montanhosa de Cerro El Gordo é 10 mil pés (3.048 metros). Como o piloto relatou acima, ele estava voando mais baixo, a 9 mil pés (2.743 metros).
O avião perdeu contato com a torre de comando quando sobrevoava as cidades de La Ceja e Aberrojal, à 0h33 de Brasília, e a queda ocorreu à 1h15 no Cerro El Gordo – segundo informações do aeroporto de Medellín.
O avião caiu a cerca de 7 km do aeroporto, em local de difícil acesso, inacessível por carro. A aeronave atingiu árvores e abriu uma clareira entre elas. No dia do acidente, foram encontradas as duas caixas pretas pela unidade administrativa especial Aeronáutica Civil.
Fonte: Globo Esporte.

