Facilidades tecnológicas dos últimos anos têm feito com que os brasileiros que vivem nos Estados Unidos consigam diminuir um pouco a distância física tanto entre a comunidade de imigrantes que vive nos Estados Unidos e no mundo, como a distância com a família no Brasil.
Bruno Contipelli, fundador do grupo e da página “Brasileiros da Flórida” no “Facebook”, em 2010, relembra que, há 10 anos, só se ligava para o Brasil na base do cartão telefônico. Hoje, há planos de companhias telefônicas como Metro PCS e T-Mobile que, com um pagamento extra de $10 dólares por mês, o imigrante consegue ligar para casa sempre que precisar.
“As coisas estão ficando cada vez mais fáceis. Pode parecer incrível, mas tem gente que está aqui há mais de 15 anos e não fala nada de inglês, fala mal o espanhol e o português, mas não vai embora de maneira alguma”, disse Bruno.
A história dos grupos de brasileiros na Flórida em mídias sociais começou com o “Brasileiros na Flórida”, no Orkut, fundado em 2004 por Aline Hida, e assumido por Bruno desde 2006. Em seus tempos áureos, a comunidade atingiu mais de 12 mil integrantes, hoje têm 9.977 pessoas, mas quase nenhum acesso, depois da queda da popularidade do Orkut para o Facebook. No Facebook, há pelo menos dezenas de grupos de brasileiros, como “Brasileiras na Flórida”, um grupo fechado com 1.944 membros, “Brazucas em Orlando”, e específicos como “Mães Brasileiras da Flórida”.
“A comunidade nasceu da necessidade dos brasileiros de trocar suas experiências sobre a vida em outro país”, resume Bruno. Com o tempo, brasileiros passaram a divulgar shows, eventos, vendas e trocas de produtos, além de encontros apelidados de “Orkontros”.
Juntos, o grupo e a página “Brasileiros da Flórida” no “Facebook” ainda não chegaram perto do número de membros do “Orkut”, com pouco mais de mil membros, mas vêm ganhando mais popularidade.
Para os que vivem em áreas de grande concentração de brasileiros, como o sul da Flórida e região de Orlando, com vários restaurantes e mercados brasileiros, talvez comunidades desse tipo nas mídias sociais sejam só um instrumento a mais para interagir com os conterrâneos. Mas para aqueles que vivem em áreas mais afastadas, onde um refrigerante Guaraná é um grande achado, essas comunidades virtuais podem ter uma utilidade muito maior e unir os brasileiros espalhados pelo mundo.
Esse é o caso de Hosana Simnitt, de 29 anos, que vive nos Estados Unidos há três anos. Faz oito meses que vive em Gainesville onde, segundo ela, há bastante brasileiros, mas nenhum restaurante ou supermercado. “Quando queremos matar um pouco da saudade do Brasil, vamos em uma lojinha latina de nome Laurora, que fica há cinco milhas de minha casa”, conta Hosana. “Quando queremos ir a um restaurante brasileiro, vamos até St. Augustine, há 60 milhas daqui”.
Hosana conta que grupos como esses ajudam bastante com dicas em geral e até mesmo “achados” de produtos brasileiros pelas lojas étnicas pela cidade.
O mesmo acontece com o grupo “Brasileiras em Sarasota”, no “Facebook” desde 2010. Antes com uma maior concentração de brasileiros, Sarasota tinha mais restaurantes e eventos voltados à comunidade, mas, hoje, os brasileiros da região vivem mais espalhados e se não fosse pelo grupo do Facebook, muitos não saberiam da existência de profissionais na região, que vão desde médicos até confeiteiras.
Vera Neuman-Wood, gerenciadora do grupo, hoje com 467 membros, promove encontros periódicos. Mesmo com a falta de lojas físicas de serviços brasileiros, Vera vê a comunidade brasileira na região crescendo, já que muitos escolhem se mudar para essa região da Flórida depois da aposentadoria. “Acho que (o grupo) está sendo uma experiência positiva para todas as participantes, tanto para profissional networking como para novas amizades”, disse.

