Finalmente, parece que começam a aparecer algumas notícias econômicas de alento, globais, mas também localizadas nos EUA, em especial no setor de imóveis, que tanto representa para a Flórida e nossa comunidade brasileira. Vamos começar falando sobre os imóveis.
Os últimos informes setoriais dão conta de que o número de construção de novas moradias cresceu acima do esperado no último mês de junho, o que representou o maior crescimento dos últimos três anos, até distoando dos números inferiores apresentados pela economia no período. O índice de crescimento de novas construções atingiu 6.9% . Com este impulso o índice para novas construções, anualizado, salta para 23.6%.
E as boas novas surgiram num momento sensível, quando Ben Bernanke, Chairman do US Federal Reserve (Banco Central americano), depondo no Congresso, informava que já eram percebidos sinais de melhoria no setor, ainda que modestos, dado o quadro geral de dificuldades vivida no país, as quais ainda provocam a manutenção elevada no número de foreclosures/retomada de imóveis por parte de credores imobiliários, o alto índice de desemprego que obviamente mantém acesos sentimentos de incerteza e falta de perspectivas para o futuro, tudo ainda negativamente impactando o setor imobiliário.
Segundo analistas do setor, não é excessivo se dizer que o segmento imobiliário venceu uma de suas mais difíceis etapas, agora iniciando um processo, certamente progressivo, de recuperação. Com essas notícias, o índice de mercado da Associação Nacional de Construtores de Moradias subiu, alcançando o patamar mais alto de seus últimos cinco anos.
Censo mensal, igualmente produzido pela mesma Associação, que busca avaliar o sentimento vis-à-vis às condições correntes da economia, por parte de construtores do setor, resultou numa escalada a 35 pontos em julho, o que representa uma subida de seis pontos em relação a junho, quando os ostimista achavam que somente chegar-se-ia aos 30 pontos no mês passado. Importante esclarecer ao leitor que uma pontuação abaixo de 50 indica um sentimento negativo ao setor de moradias. Desde abril de 2006, os números não atingem os 50 pontos.
Segundo Paul Diggle, economista especializado da Capital Economics, a melhoria em início de construções representa um apetite real para aquisição de casas, não significando mais apenas a compra de imóveis extremamente barateados pela conjuntura econômica, que forçaram inúmeros proprietários a vender seus imóveis, ou abandoná-los, já que impossibilitados de fazer face as suas obrigações.
Apesar das boas notícias, evidentemente, ainda há muito a percorrer até a ampla recuperação. Jim O’Sullivan, economista chefe/EUA da High Frequency Economics, assim como outros analistas, mostrou-se reticente no que diz respeito a um impacto mais amplo do setor imobiliário na recuperação da economia do país.
Nós, entretanto, olhamos tal recuperação como uma boa sinalização e já cruzamos nossos dedos para que os índices continuem crescendo, assim trazendo prosperidade para todos.
No plano global, os últimos comentários especializados são de que, apesar da seriedade do momento, envolvendo diversos mercados através do mundo, não deveremos enfrentar um desastre semelhante ao de 2008, quando da quebra do Lehaman Brothers que, sob um efeito devastador em cascata, fêz o PIB mundial encolher 0,8%. Os mais otimistas e até alguns tradicionalemente moderados, apostam em níveis de crescimento pouco expressivos, mas crescimento. O fato de que o epicentro está na Europa, em especial em seus mercados periféricos, não nas “locomotivas europeias “ – França e Alemanha - poupa os EUA de uma infecção muito pouco desejada.
Para Renato Baumann, professor de Economia Internacional da Universidade de Brasília (UnB), em recente entrevista a “O Globo”, do Rio de Janeiro, “a economia está andando de lado, mas ainda preserva índices positivos. O problema hoje é motivado por um fator conhecido, que é a crise de dívida soberana, geograficamente localizado em parte da Europa”.
Assim, a mensagem da semana é de otimismo, precavido, mas olhando para a frente com confiança.
Coluna do BBG - Brazilian Businness Group
Aloysio Vasconcellos é presidente do
Brazilian Business Group / BBG

