O colunista de música do Gazeta e produtor do evento Brazil on The Beach, Gene de Souza, entrevistou com exclusividade a cantora baiana Daniela Mercury, que será a principal atração do evento.
Conheça um pouquinho dos novos trabalhos da cantora e a mensagem que ela deixou para os brasileiros da Flórida.
Entrevista
Como foi a carnaval em Salvador, esse ano? Você sempre tem alguma novidade, algum som novo para apresentar. O que aconteceu esse ano?
Eu celebrei a década. Brinquei com o tempo e aproveitei o momento para mostrar muitas canções dos meus discos todos. Cantei canções novas como “Trini Transe” uma canção que fala da criação, da liberdade do ser humano, do homem na face da terra. Fiz os dez anos do trio eletrônico lançando uma música nova “Oia Por Nóis”, um candomblé eletrônico em homenagem a Iansã que compus com a Margareth que também cantou comigo. Homenageei a Tropicália, a Jovem Guarda, e o rock dos anos 80.
Sempre existe muita expectativa antes de um novo CD seu porque você já explorou vários estilos como axé, MPB, música eletrônica e bossa-nova. Qual vai ser o conceito do novo projeto?
Sempre continua sendo meu ecletismo, a minha sede de misturas, de não ter pudor absolutamente nenhum pra misturar tudo que me vier à cabeça intuitivamente.
Tem convidados especiais no CD?
Tem Jorge Ben Jor que fez comigo uma mistura de samba reggae com samba partido alto. Tem também algumas colaborações que ainda não posso confirmar que são surpresas pro disco. Tem Maria Bethania que já aceitou o convite de cantar comigo e Margareth “Oia Por Nóis” também.
Balé Mulato foi um show espetacular, com muita cor, alegria, e coreografia, como podemos ver no DVD filmado em Salvador. Como será o show em Hollywood Beach?
Obrigada. Fico feliz em saber que você gostou tanto de Balé Mulato. Eu, realmente, acho que é um show de brasilidade, de alegria, de luz, de fantasia, do folclore brasileiro. É um show que traduz muito da cultura popular brasileira de muitas maneiras, e isso continua presente no show que vamos fazer no Brazil on the Beach. Essa brasilidade, do BaleéMulato têm que estar presente. Canções como “Aquarela do Brasil”, “Levada Brasileira” e varias outras que vão mostrando as cores e a diversidade do Brasil que sempre faz parte do meu trabalho. O espírito do show novo que mistura o eletrônico com candomblé vão substituir o lado afro mais profundo do Balé Mulato. O show vai ser o melhor do Balé Mulato junto com um anúncio do que vai ser o meu novo trabalho.
Balé Mulato também ganhou um Grammy Latino em 2007. Você fez um discurso na premiação sobre a posição do Brasil dentro desse prêmio. Você acha que a música brasileira tem o respeito que merece?
Eu acho que a música brasileira sim, tem o respeito que merece no mundo. É uma música querida e o mundo inteiro tem referências distintas. Alguns países como a França, Espanha e Portugal acompanham várias gerações e outros países conhecem ape-
nas algumas gerações da música brasileira. Acho que a grande massa da população não tem noção de tudo que já se fez e tá sendo feito no Brasil. Isso é um pouco normal.
Vou fazendo meu trabalho de divulgação do que a minha geração anda fazendo. Contribuindo com a minha parte, obviamente, porque eu não posso representar todos.
Qual o recado que você tem para todos, os brasileiros que moram no Sul da Florida?
Vamos viver um dia de Brasil se encon-trando da forma mais generosa, mais amável, mais espontânea, mais linda, no meio da rua como os brasileiros sabem fazer melhor do que todos os povos do mundo. Isso faz parte da nossa cultura como o São João e o carnaval. Vamos nos encontrar na rua numa festa que sabemos fazer lindamente e tentar dizer para esse povo, sejam americanos, sejam de Porto Rico, sejam do México, Argentina, Chile, Venezuela, e todas as partes do mundo, que nós somos felizes. Eu acho Miami muito parecida com as cidades brasileiras pelo seu clima, seu espírito, uma cidade que acolhe, que a gente se sente em casa. Eu acho que a gente tem a chance de comunicar, de expressar o nosso jeito de ser. Vamos fazer todos se amarem mais. Os brasileiros são mestres na arte de fazer o mundo mais alegre e mais amoroso. Esse é o convite que eu faço para a comunidade. Matando a saudade da nossa terra e fazendo de Miami um pedacinho do Brasil nesse dia - uma corrente de amor, de alegria , de música, uma corrente de humanidade. Eu acredito que isso é que todo imigrante deseja. Que seja compreendido num ambiente que não é seu país, mas que seja o mais próximo dele. Vamos ser uma só família. Vamos fazer os nossos amigos de qualquer outro país se sentirem brasileiros e se sentirem parte da nossa família.
