Três meses após ter tido as contas de sua empresa FoneClub congeladas pela justiça por praticar um esquema de pirâmide, considerado ilegal nos Estados Unidos, o empresário Sanderley R. de Vasconcelos, conhecido como Sann Rodrigues, afirma que vai continuar nos negócios, e que já tem até uma nova empresa aberta, com o nome de Phoneclub USA.
Aos mais de 1,2 mil brasileiros que acreditaram que suas atividades eram legais e lucrativas, ele diz que está orando para que a decisão final da U.S. Security and Exchange Commission – SEC - (órgão federal encarregado de investigar operações financeiras) seja breve, e ele possa devolver o dinheiro dos investidores.
Em todo o país, Sanderley afirma que a FoneClub reuniu 1.283 “associados”, até junho deste ano, quando a SEC pediu a suspensão das atividades e congelamento das contas da empresa, por considerar suas atividades ilegais.
Sanderley Vasconcelos concedeu entrevista à reportagem do Gazeta News e afirmou que o erro da empresa estava “nos valores cobrados para adesão”. De acordo com denúncia apresentada pela SEC à justiça, a empresa anunciava que os “investidores” poderiam receber, após 12 meses, $17 mil por mês. Com o pagamento de $1,9 mil a título de taxa de adesão, informou a SEC em documento público, o interessado receberia o cargo de executivo da empresa, e o direito de receber 30% da taxa de adesão das pessoas que recrutasse, além de parcela dos lucros da empresa.
Em tese, a atividade alvo da empresa seria a venda de cartões telefônicos e de serviços de telefonia VoIP. Para os técnicos da SEC, no entanto, as atividades da empresa indicavam que nem os potenciais investidores, nem a companhia faziam lucro com a venda de cartões telefônicos ou de serviços de telefonia. Na realidade, a empresa estaria iludindo vítimas e as levando a participar de um esquema de pirâmide, no qual os membros apenas conseguiam lucro por intermédio do recrutamento de novos membros.
Os técnicos da SEC acreditam que a FoneClub violou a regulação federal antifraudes e a exigência de registro, prevista em legislação federal de 1993. “Nossos valores não era registrados junto à SEC. Como depois de consultarmos quatro advogados nenhum disse que estávamos errados, iniciamos as atividades. Agora, depois da intervenção da SEC, conseguimos advogados especialistas no sistema americano de comercialização em rede, e estamos confiantes em uma solução justa”, alegou Sanderley.
Na entrevista, ele pediu “desculpas a todos pelo transtorno” e afirmou que os ex-associados da FoneClub que confiarem em seu novo negócio, “não precisarão pagar nada”. “Além de poderem se recadastrar na nova Phoneclub USA sem pagar nada, ainda podem receber seu dinheiro de volta, de acordo com a resolução da SEC. Ou seja, o que era bom está ainda melhor”, propagandeou Vasconcelos.
Os “ajustes legais” feitos pela FoneClub permitiram o estabelecimento da nova empresa que estaria, de acordo com uma fonte, autorizada a funcionar em 50 estados. A nova Phoneclub USA já iniciou suas reuniões na Flórida. O comerciante Gilvan Calado que investiu na antiga FoneClub $3 mil, e calcula que teria direito a receber $8 mil em comissões, participou de uma das reuniões e decidiu associar-se à nova empresa, segundo ele, para acompanhar o curso dos acontecimentos. “Eu fiquei para ver no que vai dar. Depois que se passa por uma coisa dessas, é como gato escaldado que tem medo de água fria. Vou permanecer para acompanhar dia-a-dia o que estão fazendo”, disse.
Calado ainda tem esperanças de receber seu dinheiro de volta “até o final deste ano, ou começo do próximo ano”. “A liberação do dinheiro aos associados depende da justiça. A SEC agora está pedindo que nós enviemos os comprovantes de tudo que investimos”, comenta. Ele observa na nova empresa não existe mais comissão sobre a aquisição de novas adesões. “As pessoas que estão entrando, tudo o que compram, recebem no momento da compra, mercadorias e bens correspondentes ao que pagaram, como cartões telefônicos e equipamentos para instalação de VoIP, por exemplo”, conta Calado.