Los Angeles -
O drama biográficoTrial by Fire
já está em cartaz nas telonas desde o dia 17 de maio. A trágica e controversa história de Cameron Todd Willingham, que foi executado no Texas por ter matado seus três filhos em um incêndio, depois que provas científicas e depoimentos de especialistas foram manipulados. Depois de recorrer várias vezes alegações de inocência e com provas da manipulação, ele recebeu a injeção letal. O longa também mostra a relação que Todd teve com Elizabeth Gilbert, quando passaram a se corresponder por carta. O roteiro escrito pelo premiado roteirista Geoffrey Fletcher foi baseado na matéria de David Grann publicada no The New Yorker em agosto de 2009. No elenco estão Jack O’Connell, que interpreta Cameron Todd Willingham, Laura Dern, Emily Meade, Jade Pettyjohn, Chris Coy, Carlos Gómez, entre outros.Trial by Fire
é dirigido por Edward Zwick. Edward Zwick dirigiu muitos filmes, incluindo About Last Night... (Sobre Ontem a Noite..., de 1986), Glory (Tempos de Glória de 1989). Alguns dos filmes que dirigiu como The Last Samurai (O Último Samurai de 2003), Legends of the Fall (Lendas da Paixão de 1994) e Blood Diamond (Diamante de Sangue de 2006), receberam nomeações ao Oscar. Ele também produziu Shakespeare in Love (Shakespeare Apaixonado de 1998) e Traffic (Traffic: Ninguém Sai Limpo de 2000), e co-criou a série de televisão Thirtysomething. Eu tive a oportunidade de conversar por telefone com o talentoso diretor sobre o filme, o caso de Willingham, sua carreira dirigindo e produzindo e muito mais. Vamos conferir trechos da entrevista:Jana – Você é um grande defensor do fim da pena de morte. Essa história ilustra muito bem essa questão, não é?
Edward Zwick – Quando li o artigo de David Grann há quase 10 anos, percebi e senti tudo o que estava errado e ‘quebrado’ com o sistema criminal da justiça. Tinha a retenção de provas, possuía informantes dentro da cadeia trocando falsos testemunhos por sentenças reduzidas, tinha o acusado que era pobre e, portanto, não tinha direito a uma boa defesa. Tudo isso me fez ver a oportunidade de falar sobre esse sistema. Tinha os ingredientes perfeitos para uma trama, um filme atraente.Jana – Acho que um dos elementos mais dolorosos desta história é a ideia de que não iriamos saber sobre essa situação do Todd, se esta improvável amizade não tivesse acontecido.
Edward – Com certeza, nunca iriamos saber. Achei muito comovente e transformador esse ato, quase aleatório, de bondade por parte da Elizabeth. Eu também acredito que se você vai contar uma história sobre uma instituição que está realmente sob o risco, mas se você consegue encontrar uma experiência pessoal e se o público puder experimentar dessa forma, há a possibilidade de contar a história em um outro ângulo.Jana – Já na primeira cena, você nos colocou no lugar da testemunha, não dos protagonistas.
Edward – Fiz de propósito., foi intencional. Eu queria que o público tivesse o ponto de vista do júri primeiro. Obviamente, a sociedade tem essa necessidade de explicar os males e, muitas vezes, faz isso estereotipando. Achei que era muito importante que o público fosse cúmplice, que eles fizessem o mesmo julgamento que o júri fez, que foi apenas 45 minutos antes de condená-lo. Somente em virtude de tornar a audiência cúmplice, eu poderia envolvê-los nessa experiência mais ativa de assistir ao filme enquanto ele se desenvolve.LEIA TAMBÉM:
Premiado roteirista Geoffrey Fletcher fala sobre o roteiro do drama "Trial by Fire" - EXCLUSIVOJana – Você foi bem ousado em uma história real, criando um visual que nem sempre é consistente com o que realmente está acontecendo. Por que você fez assim?
Edward – Como diretor e contador de história, tentei avaliar como os sonhos se parecem, mas não tenho certeza de que as pessoas tenham pensado muito sobre como estar em uma cela solitária. É difícil ficar sozinho por dez minutos sem fazer nada. Aí comecei a pensar como deve ser em dez anos e o que pode acontecer com o cérebro... O mais engraçado é que Todd em suas cartas falou sobre suas filhas como se elas estivessem vivas, que ele iria comemorar seus aniversários e que ele faria desenhos com elas ou escrevesse poemas para elas. A ideia de tê-lo em comunicação foi algo que eu e Geoffrey Fletcher inventamos. Mesmo quando Todd é transportado para o mundo de Elizabeth como ela também está no mundo dele, estávamos tentando dramatizar as diferentes situações. Sabe que quando os pais de Todd conversaram conosco depois que eles assistiram ao filme; a mãe de Todd disse que Todd falava que suas filhas o visitaram.Jana – A cena da execução é muito sensível e forte...
Edward – Sim! No set de filmagens, tínhamos um assessor técnico e ele nos dizia como era feito. Como diretor, eu faço minha lição de caso, muita pesquisa, e eu realmente tento visualizar como tudo acontece, mas só sou capaz de pensar sobre a cena até chegarmos lá. Eu sabia que ia ser muito difícil e muito doloroso. Quando cheguei no set, eles tinham criado uma réplica da sala. Os atores realmente estavam tristes e apreensivos com a situação, tudo como deveria ser. Jack estava entregue a personagem e o ator que estava interpretando o guarda também. Quando todos estão na mesma sintonia, as cenas ficam mais verdadeiras.