Em seu primeiro discurso público desde que teve a prisão decretada no dia 5, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou os crimes pelos quais foi condenado, disse que vai se entregar e provar sua inocência. Na manhã deste sábado, o ex-presidente saiu do prédio do Sindicado dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) para participar de um ato religioso em homenagem à ex-primeira dama, Marisa Letícia, que morreu em 2017.
Lula foi para o local no na noite de quinta-feira, dia 5. O juiz Sérgio Moro lhe deu o direito de se entregar na sede da Polícia Federal em Curitiba até as 17 horas de sexta-feira, dia 6.
Lula afirmou que está agindo de forma "consciente". "Mas muito consciente. Eu falei para os companheiros: 'Se dependesse da minha vontade, eu não iria. Mas eu vou'. Eu vou porque eles vão dizer a partir de amanhã que o 'Lula está foragido', que o 'Lula está escondido'".
Depois do discurso, Lula voltou ao prédio do sindicato. Para o ex-presidente, haverá continuidade após a prisão. "Minhas ideias estão pairando no ar, não há como prendê-las. Quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de vocês. Não adianta achar que tudo vai parar quando o Lula enfartar, o meu coração baterá pelo coração de vocês. Por milhões de corações. Não adianta acharem que vão fazer com que eu pare, eu não pararei porque não sou mais um ser humano. Eu sou uma ideia", disse.
Lula também pediu que o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em 1ª instância, mostre alguma prova contra ele e disse dormir com a consciência tranquila.
Segundo a Revista Veja, a defesa do ex-presidente e a Polícia Federal negociam a entrega. Ele deve ser apresentar ainda neste sábado.
Lula foi condenado em duas instâncias da Justiça no caso do triplex em Guarujá (SP). O juiz vetou o uso de algemas "em qualquer hipótese".
A pena definida pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) é de 12 anos e 1 mês de prisão, com início em regime fechado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.