Estima-se que, em 2025, o Brasil terá a 6ª maior população idosa no mundo. De acordo com o Ministério da Saúde, houve um aumento de 500% no número de pessoas com 60 anos ou mais nos últimos 40 anos no Brasil. Em 2050, estima-se que essa população idosa será de 30%. Com isso, o assunto tem sido debatido com frequência no Brasil, conforme essas mudanças demográficas na população idosa já mostram seus sinais.
Com essas e outras mudanças sociais e demográficas nas grandes cidades brasileiras, a contratação de empregados também tem sofrido impacto. Quem precisa lidar com algum idoso na família, que precisa de cuidados especiais, sofre ainda mais este impacto. Foi assim que um brasileiro resolveu se unir a uma empresa americana de atendimento domiciliar em expansão internacional e está introduzindo este conceito no Brasil.
Eduardo Chvaicer logo começou a sentir as dificuldades que sua família enfrentaria quando seu pai começou a apresentar os primeiros sinais de Alzheimer. “Após o falecimento de minha mãe, meu pai se largou e perdeu totalmente o interesse na vida. Ele tinha 79 anos. O Mal de Alzheimer veio muito rapidamente e, hoje, aos 86 anos, ele necessita de cuidados permanentes. Eu moro em São Paulo e ele no Rio de Janeiro e, lá, ele tinha outras duas filhas, netos e bisnetos. Mas, hoje em dia, a vida de todos é muito corrida. Todos trabalham, cuidam dos próprios filhos e netos. É muito difícil e desgastante cuidar dos idosos”, relata Eduardo. “Isso me mostrou que a demografia está mudando. Cada vez mais os casais esperam até mais tarde para ter filhos, todos trabalham até tarde (tanto em horário quanto em idade) e isso representa menor disponibilidade dos filhos para cuidar dos idosos. Quando eu me dei conta dessa situação, eu pensei: ‘Quem vai cuidar de mim?’. Quando eu tiver 85 anos, minha única filha terá 45 e estará no auge de sua carreira, cuidando de filhos pequenos. Será muito difícil para ela cuidar de mim”.
Depois de trabalhar em uma multinacional farmacêutica por mais de 11 anos, Eduardo procurava opções para abrir o próprio negócio e percebeu a falta no Brasil de um serviço de cuidadores que fosse sério e profissional. “Decidido a entrar nesse mercado, comecei a pesquisar as opções e conheci a Right at Home em uma feira de Franquias da ABF (Associação Brasileira de Franchising), em São Paulo”, relata Eduardo, com formação em administração de empresas e pós-graduação e MBA, respectivamente, na Universidade da Califórnia-Berkeley e na Universidade de Wisconsin-Madison. “E isso foi a união de interesses comuns, pois a Right at Home estava iniciando seu projeto de expansão internacional e demonstrava interesse pelo desenvolvimento econômico do Brasil”.
Eduardo resolveu então abrir o escritório piloto da companhia Right at Home em São Paulo, em 2010. Atualmente, ele conta com 77 funcionários e até agora já ofereceu mais de 90 mil horas de serviço como uma das primeiras organizações de atendimento domiciliar aos idosos no Brasil, segundo informações da própria empresa.
De acordo com Allen Hager, presidente da empresa Right at Home (www.rightathome.net) nos Estados Unidos, as mudanças demográficas atuais do Brasil, como por exemplo, tanto a mulher quanto o homem trabalhando em período integral e a dificuldade para encontrar pessoas que queiram fazer serviços domésticos, abriu um mercado para as pessoas que precisam de cuidados especiais em casa. “Por causa da experiência com seu pai, Eduardo poderá manter o nível de qualidade do atendimento no Brasil e algo que vimos em outros mercados é que isso força outras companhias a melhorarem seu atendimento, o que em longo prazo beneficiará a todos”, disse Allen.
Formalizando um serviço informal
“Os serviços de cuidadores no Brasil eram totalmente informais, prestados pela própria família, empregadas domésticas ou cuidadoras contratadas e gerenciadas pelas famílias. Ou seja, o serviço existia, mas de uma forma não profissional”, explica Eduardo. “Minha intenção com a Right at Home foi trazer profissionalismo e seriedade para esse mercado”.A Right at Home oferece os serviços de cuidadores a idosos e adultos, com serviços personalizados de acordo com a necessidade do cliente. “Sempre digo que a cada atendimento nós temos dois clientes: o idoso e a família, que ao nos contratar deseja um respiro, uma ajuda, uma diminuição no nível de estresse”, avalia Eduardo. “Não oferecemos serviços de enfermagem ou médicos. Os serviços são prestados por cuidadores que possuem cursos preparatórios ou experiência na função. É importante notar que, no Brasil, ainda não existe oficialmente a profissão de cuidador, mas um projeto já está em análise no Congresso para a regulamentação dessa profissão”.
Os planos agora são de expandir a empresa com a abertura de 25 a 30 unidades nos próximos cinco anos, a começar pelo Rio de Janeiro e Brasília.
Custo
Eduardo explica que tais serviços são, sem dúvida, direcionados mais à classe média e alta do Brasil. “Ter cuidadores particulares por 24 horas, sete dias por semana, pode atingir um valor acima de R$ 8 mil por mês. Isso, no entanto, pode ser contornado por serviços mais curtos, esporádicos. O auxílio para apenas um banho diário pode ser viabilizado a um custo de, aproximadamente, R$ 50”.Allen acrescenta que a empresa oferece opções para diminuir os custos, com pequenos serviços como ajudar no banho ou acompanhamento. “Como a empresa não impõe que é ‘tudo ou nada’, famílias com um rendimento financeiro menor podem ainda nos contratar para serviços essenciais”, explica o presidente da empresa nos EUA.

