Com a volta às aulas, surge a necessidade de reestabelecer a rotina do aluno, horários para fazer lição de casa, hora de descanso e o maior desafio: preencher o tempo ocioso da criança ou do adolescente. As atividades extracurriculares são ótimas opções para evitar que o filho passe o dia todo sozinho em frente à televisão ou ao computador, e os cursos ainda contribuem para o desenvolvimento de diferentes capacidades.
Os filhos de Renata Gomes, Gabriel, de 10 anos, e Maria, de 7, já têm uma atividade quatro vezes por semana: os dois fazem natação no International Swimming Hall of Fame. “A Maria faz aula desde os 6 meses de idade, e Gabriel, desde quando tinha 1 ano”, conta ela, que vive em Fort Lauderdale. “Existem inúmeros benefícios. O ambiente é saudável e ativo, eles nunca ficam resfriados e gastam toda a energia”.
O filho de Claudia Ferhribach, John Gabriel, de 11 anos, faz as atividades extracurriculares dentro da própria escola. Ele estuda no programa de comunicação da BAK Middle School, que é uma escola pública de artes em West Palm Beach. O estudante tem aula de jornalismo, produção de vídeo e TV. “Pela primeira vez na vida ele vai para a escola cheio de vontade. Fora as aulas normais de 6ª série, ele tem matérias direcionadas”, explica. “Ele aprende a se comunicar melhor, como se portar em frente às câmaras, introdução ao jornalismo, etc. Chega em casa exausto, mas feliz”.
De acordo com um estudo feito pela Society for Research in Children Development (SRCD), enquanto 40% dos meninos e meninas entre 5 e 18 anos não tinham nenhuma atividade fora da escola, entre 3% e 6% gastavam 20 horas por semana em cursos e aulas antes ou depois do horário escolar. Não por acaso, eram justamente esses últimos os que demonstravam melhor preparo educacional e psicológico.
Cursos de acordo com as necessidades
Autoestima e timidez podem ser trabalhadas em um curso de teatro, enquanto raciocínio lógico e coordenação motora são desenvolvidos nas aulas de robótica, por exemplo. Diversas pesquisas indicam também que a responsabilidade e autonomia estimuladas nos cursos extracurriculares colaboram para um melhor rendimento escolar. No caso de Gabriel, o jiu-jitsu ajudou que controlasse a raiva dentro do tatame. “Ele aprendeu a controlar a raiva no tatame, com a ajuda de seu mestre”, disse Renata, que pretende matriculá-lo novamente este semestre.Escolhendo de acordo com a necessidade – e a vontade - da criança
Renata Gomes explica que além da natação, sua filha, Maria, quer muito voltar para as aulas de ginástica, desejo que deve ser atendido neste semestre. Mas sua mãe também observará se não é necessário colocá-la em um reforço de matemática. “Vamos ver como ela irá se sair agora no segundo ano”, disse Renata.
Além de avaliar a necessidade da criança, como por exemplo, um reforço escolar, é importante levar em conta o desejo dela para a escolha de um curso extracurricular, disseram profissionais em um artigo da revista “Educar para Crescer”. Se a criança mostrar vontade de fazer determinado curso, os pais devem conversar sobre essa escolha e fazer alguns combinados, por exemplo, de que ela irá permanecer na atividade por algum período (não muito longo). Isso a fará entender sobre sua responsabilidade em relação ao curso e irá evitar que ela desista facilmente.
Reforço em matemática e leitura
Cristiane Salgado é professora no Instituto Kumon em Deerfield Beach e Boca Raton (um sistema de autoaprendizagem, em que as crianças repetem exaustivamente exercícios até que dominem seu conteúdo). Ela explica que a frequência do curso é duas vezes por semana, meia hora por matéria e a criança leva lição de casa para completar. O curso é indicado para crianças com idade de 7 anos para cima, mas há adultos e crianças menores, com 4 anos. “Havia um aluno de 4 anos que fez um teste na escola e pulou o kindergarden”.“É um método em que a criança aprende a ser independente e quando elas têm dúvidas, nunca damos a resposta, mas ajudamos a compreender”, explica Cristiane. “Muitas vezes elas não entendem a proposta do exercício porque não leem direito”.
Cristiane diz que há muitos alunos brasileiros no Kumon e o rendimento escolar sempre melhora. “O aluno geralmente fica um ano à frente de sua sala”, explica. “O mínimo é a criança ficar um ano no Kumon”.
Cursos de idiomas, português como língua de herança
No dia 6 começam as aulas da Manhã Brasileira, um projeto social em Boca Raton que ensina português, dança, capoeira, artes, tudo voltado à cultura brasileira. O curso é para crianças e adolescentes de 4 a 17 anos e acontece desde 2009, uma iniciativa do Brazilian Business Group (BBG).“Com o tempo, percebemos que a última coisa que o aluno queria era ir para a sala de aula no sábado, por isso a Manhã Brasileira passou a englobar atividades mais recreativas e o resultado foi surpreendente”, explica Andrea Faria, coordenadora do curso. “O aprendizado de vocabulário ficou mais rico através do convívio e alunos criaram mais laços de amizades, trazendo a sensação de pertencimento à cultura brasileira”.