Parlamentares democratas pediram à rede de televisão ABC que cancele a transmissão de uma série sobre os atentados de 11 de setembro de 2001.
De acordo com eles, o conteúdo apresentado distorce os fatos e atribui responsabilidades a funcionários do governo do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001).
Segundo Harry Reid, líder da minoria democrata no Senado, a minissérie "The Path to 9/11", que será transmitida em duas partes (no domingo e na segunda-feira), é "uma obra de ficção". Em nota enviada ao presidente da ABC, Robert Iger, os parlamentares liderados por Reid defendem o fim do programa por ser "inexato nos fatos e profundamente mal dirigido".
A ex-secretária de Estado Madeleine Albright, o ex-conselheiro de segurança nacional Sandy Berger e outros assessores de Clinton também enviaram carta a Iger, com suas críticas ao conteúdo da minissérie.
"A ABC tem o dever de corrigir os erros da minissérie e de cancelar a sua exibição. É irracional desinformar o público americano sobre uma das tragédias mais horrendas no nosso país", afirmaram.
O documento dá exemplos de imagens da minissérie que não teriam ocorrido. Albright criticou especialmente uma em que ela é mostrada alertando o governo do Paquistão sobre um atentado. "A cena é falsa e difamatória", afirmou.
No entanto, em comunicado divulgado após o furor causado antecipadamente pela série, a ABC garante que até o momento ninguém viu a versão final. "O processo de edição não terminou, portanto as críticas específicas contra o filme são prematuras e irresponsáveis", afirmou a rede em comunicado.
Os ataques terroristas foram realizados oito meses depois de Clinton encerrar o seu segundo mandato e entregar a Casa Branca ao atual presidente, o republicano George W. Bush.
Em Los Angeles, o Centro de Ação pelo Progresso da América, de perfil liberal, apresentou um pedido para que a ABC corrija ou cancele a série. "A minissérie culpa o governo de Clinton pelos ataques enquanto ignora os numerosos erros da administração de Bush", explica seu pedido, apoiado por 25 mil cartas de protesto.
Richard Benveniste, um membro democrata da comissão independente que investigou os atentados, também protestou, assim como Richard Clarke, responsável pela luta antiterrorista na época dos ataques.
Suas queixas se concentram nas sugestões de que a administração Clinton poderia ter capturado o líder de Al Qaeda, Osama bin Laden, em 1988, mas não aproveitou a oportunidade.