A taxa oficial de pobreza caiu 0,5 pontos percentuais, de 12,3% para 11,8% em 2018, informou no início deste mês o US Census Bureau em seu relatório anual Renda e Pobreza nos Estados Unidos. Isso equivale a 1,4 milhão a menos de pessoas na pobreza com uma grande parte desse declínio sendo atribuída a famílias sustentadas por mulheres sem o cônjuge, segundo dados do censo.
Programas de combate à pobreza e a recuperação econômica iniciada há uma década são listados como fatores para a diminuição do nível geral de pobreza no país, apontam os dados do censo. Como áreas de progresso estão salários um pouco mais altos para mulheres (embora ainda haja diferença salarial entre homens e mulheres - elas recebem U$ 0,82 por cada U$1 ganho pelos homens entre os trabalhadores em período integral) e uma taxa de pobreza recorde baixa de 26,8% para as famílias lideradas por uma mulher.
Em 2018, famílias sustentadas por mulheres representavam 17,8% da população (46,7 milhões de 262 milhões). Dessas, em 83,9% houve diminuição da pobreza. "As taxas de pobreza para todas as pessoas em todas as famílias chefiadas por mulheres caíram 1,7 ponto percentual, para 26,8%, a taxa mais baixa já registrada para esse grupo", informa o censo.
Em 2018, a maior parte das trabalhadoras que sustentam sozinhas suas famílias trabalhou em período integral, durante todo o ano. As famílias sustentadas por mulheres foram o único dos *três tipos de famílias classificados pelo Censo a experimentarem uma diminuição estatisticamente significativa da pobreza entre 2017 e 2018, segundo os dados.
Independência
Dessa forma, não é difícil encontrar esse tipo de família. Com três filhos pequenos, essa é a realidade de Viviane Leite, 32 anos, mineira, que mora em Ocean Township, New Jersey. Trabalhando como faxineira e fazendo bicos como maquiadora aos finais de semana, hoje ela conta que está melhor financeiramente do há alguns anos e faz de tudo para não faltar nada para Christian, 11 anos, Gabriel, 9, e Fernando, de 13 meses, que cria sozinha.
"Ganho o suficiente pra nos manter e não faltar o que eles precisam. Graças a Deus, melhorou sim. Antes eu era ajudante, tinha algumas casinhas só pra um dia da semana e hoje não preciso mais trabalhar para os outros, tenho minhas casas. Não muitas, mas dá pra nos manter", relata.
Com despesas que calcula ficar em torno de US$3.500, 00 por mês, Viviane diz que, apesar de manter a família sozinha, consegue pagar as contas. "Pago em torno de US$1.200,00 de aluguel e energia elétrica, tem a babá do menor, comida, telefone, internet, carro, seguro de carro. Nunca parei para fazer conta exata, mas é isso. O essencial não falta, graças a Deus".
Com uma história que mistura violência doméstica e sequestro dos filhos pelo ex-marido que chegou a levá-los para o Brasil, Viviane diz que as lembranças de tudo o que passou até conseguir ter os filhos de volta, faz a batalha do dia a dia ser menor.
"Às vezes acho que não vou conseguir. Já tive sim, medo de não conseguir pagar minhas contas e não conseguir manter meus filhos, mas, hoje eu sou o que eu nunca imaginei que conseguiria ser um dia, INDEPENDENTE, pois era o que eu ouvia e quase cheguei a acreditar nisso!", finaliza.
Emprego e menos
crianças na pobreza
Mais pessoas de famílias chefiadas por mulheres também encontraram emprego em período integral em todo o ano em 2018 do que em 2017, indica o censo.
Ainda, as crianças, cujas famílias são chefiadas por mulheres, viram sua taxa de pobreza diminuir em 2,5% em 2018, representando 649.000 menos crianças em situação de pobreza.
Ainda é menor
Porém, apesar da ligeira melhora, a realidade das mulheres que sustentam sozinhas a casa ainda está longe de ser igual aos outros dois tipos de famílias: a renda mediana dos domicílios mantidos por mulheres (US $ 45.128) foi inferior à das famílias chefiadas por casais (US $ 93.654) e a das mantidos somente pelos homens (US $ 61.518) em 2018.
*O U.S. Census Bureau classifica os domicílios familiares (duas ou mais pessoas que vivem juntas por nascimento, casamento ou adoção e um deles é o provedor) em três grupos: casal, mulher sem nenhum cônjuge e chefe de família do sexo masculino sem cônjuge.