A Comissão Européia (o órgão executivo da União Européia) anunciou nesta quinta-feira(14), em Bruxelas, um protótipo de automóvel capaz de percorrer 2.885 quilômetros com apenas um litro de etanol, a uma velocidade média limitada a 30 km/h.
Idealizado por um grupo de estudantes franceses, o Microjoule é o vencedor da "Eco-Marathon", um concurso europeu que, em maio passado, premiou os veículos que percorreram as maiores distâncias com menos combustível. Esta foi sua primeira exibição ao público.
"Desde a primeira 'Eco-Marathon', em 1985, a distância percorrida pelos competidores com um litro de combustível foi quintuplicada. Dos 680 km de então, agora é possível completar a distância entre Paris e Pequim com menos de quatro litros", explicou François Gebrut, um dos professores responsáveis pelo Microjoule.
De acordo com Gebrut, o desempenho do protótipo se deve a inovações aplicadas a quatro áreas: peso, aerodinâmica, área de atrito e tecnologia do motor.
Materiais
Produzido em fibra de carbono - um dos materiais com a melhor relação entre peso e resistência - o veículo pesa 30 kg e tem a forma de uma cápsula de três metros de comprimento, 72 cm de largura e 50 cm de altura.
O Microjoule possui o espaço exato para um condutor, que deve deixar os sapatos do lado de fora e se acomodar meio deitado, com os braços alinhados às pernas.
A área de atrito foi diminuida ao máximo com a utilização de rolamentos e de rodas especiais, também feitas em carbono. Os estudantes utilizaram um motor de alto rendimento de quatro tempos, com 30 cm3 de cilindrada.
O único inconveniente é a curta vida útil do motor, que funciona como o de um carro de Fórmula 1: pode funcionar apenas durante pouco mais de uma jornada. Para aumentar sua durabilidade seria necessário aumentar também seu peso, o que reduziria ainda mais a velocidade do veículo.
O veículo foi apresentado com o objetivo de "ilustrar a importância da contribuição que os transportes podem dar ao plano (de ação sobre eficiência energética , que a UE divulgará na próxima semana)", explicou o comissário europeu de Energia, Andris Piebalgs.
Entretanto, o professor Gebrut afirma que a tecnologia aplicada no Microjoule não pode ser aplicada a carros comuns. "Seria muito caro e muito frágil para os automóveis do dia-a-dia", explicou.