Robert Gates, o ex-diretor da CIA que foi indicado hoje para substituir Donald Rumsfeld na Secretaria de Defesa dos Estados Unidos, é um especialista em Guerra Fria que terá a difícil missão de lidar com a situação americana no Iraque.
Gates, de 63 anos, passou a maior parte de sua carreira profissional na CIA, galgando posições até chegar à direção do organismo.
O homem que liderou os serviços de espionagem dos EUA entre novembro de 1991 e janeiro de 1993 era o favorito do presidente George W. Bush para se transformar no czar da inteligência americana.
O posto, ocupado por John Negroponte, foi criado para solucionar os problemas de coordenação entre as diversas agências de espionagem que ficaram em evidência após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Gates rejeitou a oferta, alegando que o cargo não tinha a influência necessária para ser realmente efetivo.
O ex-espião, que é um velho amigo da família Bush, preside agora uma das maiores universidades dos EUA -a Texas A&M University- e goza de amplo prestígio entre republicanos e democratas. Gates deve ter sua nomeação aprovada em breve pelo Senado.
"Caso seja realmente confirmado, Bob trará mais de 25 anos de experiência em segurança nacional, e uma reputação inabalável", disse Bush, durante uma entrevista coletiva em que anunciou a saída de Rumsfeld.
Gates desempenhou um papel-chave durante a primeira Guerra do Golfo, assim como durante a crise dos reféns do Irã e a invasão soviética do Afeganistão.
Seu papel no caso "Irã-Contra" é um dos pontos negros de sua carreira, e impediu sua primeira nomeação para o comando da CIA, em 1987.
Como subdiretor da CIA durante esse período, Gates possuía influência suficiente para saber do desvio ilegal de fundos procedentes da venda de armas ao Irã para financiar os Contras, rebeldes nicaraguenses que tinham como objetivo derrubar o Governo da Frente Sandinista de Libertação Nacional.
Gates foi investigado pelo caso, embora nunca tenha chegado a ser processado. Mesmo assim, durante as audiências para sua confirmação como diretor da CIA, em 1991, reconheceu que havia cometido erros, e disse que deveria ter se esforçado mais para chegar ao fundo do assunto.
Em sua biografia, "From the Shadows", ele defende a decisão da CIA de realizar operações secretas, algo que, segundo ele, ajudou a vencer a Guerra Fria.
O ex-espião considera que sua contribuição mais importante aos serviços secreto foi dada no Afeganistão.
"A CIA teve um papel importante nas operações secretas", disse Gates, em discurso pronunciado em 1999.
O candidato de Bush para dirigir o Pentágono acredita que os bilhões de dólares fornecidos pela CIA às guerrilhas dos mujahedin ajudaram a resistência afegã a vencer o Exército soviético.
Caso tudo corra conforme o esperado, Gates chegará ao Pentágono em um momento no qual é cada vez mais urgente encontrar uma solução para a Guerra do Iraque.
Gates já faz parte da comissão bipartidária Baker-Hamilton, que apresentará durante os próximos dias uma série de recomendações a Bush sobre os rumos do conflito no Iraque.
Seu currículo inclui quase 27 anos de experiência nos serviços de inteligência.
O ex-diretor da CIA é licenciado em História, pela Universidade de Indiana, e doutor em História Russa e Soviética pela Universidade de Georgetown. Gates é casado e tem dois filhos

