Milhares de pessoas estão se reinventando e mudando completamente o ramo de trabalho para se manter durante essa pandemia do novo coronavírus. Costura e venda de máscaras, construção civil, cozinha, limpeza de casa, motorista por aplicativo. Com taxa de desemprego aumentando, tanto na Flórida como em todo o país, quem não tem direito ao seguro-desemprego precisa encontrar outro tipo de trabalho.
A realidade forçou milhões de pessoas à quarentena e ao auto-isolamento. Muitos estão trabalhando em casa e outros milhares foram dispensados do emprego. Só na semana passada (22 a 28 de março), mais de 222.000 pessoas conseguiram pedir seguro-desemprego na Flórida - em todo o mês foram 329,292 pedidos. Economistas do Federal Reserve projetam reduções totais de emprego de 47 milhões no país, o que se traduz em uma taxa de desemprego de 32,1%, de acordo com uma análise recente do órgão, caso a situação piore. Com isso, profissionais estão sendo obrigados a encontrar um outro tipo de sustento. É apenas um dos muitos efeitos do COVID-19 nos trabalhadores.
Sem controle
"Estamos vivendo uma situação completamente extraordinária sobre a qual perdemos o controle porque não sabemos quando as coisas vão voltar à normalidade. Não é simplesmente uma pausa; é mais do que isso. E essa incerteza pode deixar as pessoas mais perturbadas. No lado profissional, essa situação pode trazer um transtorno em relação aos planos e projetos, mas precisamos aprender a viver o momento, a viver o dia a dia para evitar se contaminar demais com a ansiedade numa tentativa de enxergar o futuro", analisa a psicoterapeuta Adriana Tanese.
Tanese sugere que as pessoas busquem desenvolver uma flexibilidade, principalmente para o trabalho. "É muito importante encontrarmos formas de nos sentirmos produtivos e isso pode variar entre as atividades que não rendem dinheiro, mas que fazem muito bem à alma e à mente, e que podem um dia vir a render dinheiro, e aquelas feitas com o intuito e necessidade de ganhar dinheiro. É o momento que a gente deve se abrir para o novo e desenvolver flexibilidade. Quem sabe desses novos movimentos surjam novas oportunidades, novos interesses, novos contatos", define.
Sem o trabalho que tinham, brasileiros que moram na Flórida contam como estão se reinventando para passar pela crise gerada pela pandemia.
Máscaras sob
encomenda
Como não estava encontrando mais máscaras de prevenção descartáveis para comprar, Marcela Maia, 38 anos, decidiu fazer suas próprias. Como também estava ficando sem dinheiro - o mercado de vendas de roupas com o qual trabalha foi bastante afetado - resolveu tentar confeccionar para vender.
"Chamei uma amiga, a Déborah, e fomos atrás do material para começar", conta. Mesmo sem saber recortar e costurar uma peça de roupa, Maia resolveu que iria aprender.
O negócio tem dado tão certo que ela já conseguiu juntar o dinheiro do aluguel e das contas do mês. "Em menos de 1 semana vendemos 200 máscaras. Cada uma custa 15 dólares. E já temos pedidos de empresas que encomendaram 100 peças de uma vez. Agora temos recebido pedidos todos os dias", ressalta.
Máscaras são
reutilizáveis
Segundo Marcela, que mora em Coconut Creek, as máscaras são confeccionadas com tecido 100% poliéster conforme recomendado pela Organização Mundial de Saúde. "As máscaras são laváveis e devem ser esterilizadas na máquina de secar ou pelo ferro de passar", explica.
E reforça o alerta quanto ao uso e conservação. "Sempre explico aos clientes que a máscara de tecido é uma ajuda a mais na prevenção, mas é para ser usada em casos específicos e não para ficar o dia todo. E reforço os cuidados que devem ter, como não deixar a máscara no carro e, ao tirá-la, lavar com sabão neutro e secar normalmente, mas antes do reuso, é preciso passar o ferro bem quente para garantir que estará esterilizada", detalha.
Questionada sobre o uso de máscaras de pano ao invés das descartáveis, Marcela aponta que as autoridades de saúde estão até "recomendando o uso de máscaras caseiras porque as pessoas compram nas lojas as descartáveis e os hospitais acabam ficando sem".
Elas também decidiram fazer máscaras para doar para hospitais e não pensam em parar de confeccionar mesmo depois que passar a pandemia. "Amei aprender a costurar e quero fazer também outras coisas pois amei criar", finaliza. Para ver a produção, acesse a página no Instagram "estilo bem brasileiro".
Essa pandemia já está remodelando a maneira como a população vive, aprende, interage e o principal: como lida com o trabalho. Negócios são cada vez mais fechados pela internet e sem apertos de mão. Leia outros casos na matéria completa no site gazetanews.com.