A adolescente Letícia Mattos da Silva, de Porto Alegre, aos 16 anos e sem ter concluído o ensino médio, já conseguiu realizar o sonho de muitos brasileiros: estudar na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, uma das mais prestigiadas do mundo. Entre julho e agosto deste ano, a jovem cursou três disciplinas na instituição: astronomia, matemática e topologia, publicou a afiliada da Globo, RBS TV.
“Foi bem difícil, principalmente as aulas de matemática, porque era uma matéria muito específica e de um nível muito avançado. Normalmente, aqui no Brasil, eles dão isso no mestrado, às vezes no doutorado. Mas no final acho que acabei aproveitando bastante”, conta a estudante.
Letícia é o que os especialistas chamam de superdotados, pessoas que possuem habilidades especiais ou inteligência acima da média. A condição dela foi diagnosticada antes dos cinco anos de idade, quando foi submetida a um teste de QI (quociente de inteligência). Desde então, ela tem evoluído cada vez mais e encontrado muitas dificuldades em um ambiente escolar nem sempre preparado para reconhecer e lidar com esse tipo de aluno.
A capacidade de Letícia de assimilar conteúdos na sala de aula sempre foi acima da média dos demais. Na 1ª série, ela já sabia ler, mas os pais decidiram que ela não adiantaria um ano para conviver com crianças da mesma idade. Foi uma decisão pensada com foco no desenvolvimento psicoemocional da criança, seguindo a recomendação de especialistas.
Conforme foi crescendo, Letícia sentia uma grande distância de seus colegas e mesmo dos professores. “Acho que muitos professores não gostavam de mim, porque, muitas vezes, quando eles faziam algo errado, os colegas ficavam quietos, e eu corrigia”, conta. Ela mudou de colégio e conseguiu pular do 1º ano do Ensino Médio diretamente para o 2º ano.
Vestibular aos 15 anos
No final de 2012, quando estava com 15 anos, Letícia passou no vestibular de física da Universidade Federal de Santa Catarina ( UFSC ), mas por não ter concluído o Ensino Médio foi proibida de se matricular. Frustrada com a negativa e com vontade de ter uma experiência universitária antes de terminar o colégio, ela foi aceita em Harvard para cursar disciplinas avulsas. Resultado: foi aprovada nas três com conceitos A e B. “Se eu voltar pra lá, já tenho oito créditos universitários”, comemora.

