Ando lendo demais diversos especialistas dizerem que as relações humanas - e não só elas, mas tudo - está se tornando descartável. Claro que é uma verdade incontestável. Mas, por que não ir além e falar que isso é apenas e tão somente uma consequência da superficialidade humana?
Não adianta fazer cara feia. Nós, seres humanos ditos inteligentes, estamos vivendo na superfície de um pires. Como não nos aprofundamos, descartamos, afinal, se não há profundidade no entendimento, no comprometimento, se não há intensidade é natural que se descarte rapidamente.
Relações, empregos e tantas outras coisas se tornaram objetos de uso temporário. Como se houvesse um estoque à disposição dessa gente. Perdão, mas falo “dessa gente” de modo bem preconceituoso mesmo. Não faço parte dessa geração – graças a Deus – e muito menos trato as coisas da vida com superficialidade.
Sou de um tempo em que a conquista era valorizada. Sou de uma época, e nem tão longínqua assim, em que as recompensas eram merecidas. Era bom conquistar o amor de uma mulher. Era delicioso ser merecedor de um aumento. Era inexplicável a sensação de vitória.
Hoje em dia, a geração “mimimi” descarta tudo. Se a mulher não quer mais o garoto, ele arruma outra na balada em menos de dois minutos. Ficar com alguém, ou melhor, com diversos “alguéns”, em uma festa tem mais valor do que conquistar uma só pessoa. Isso vale para todos, tanto homens como mulheres. Pasmem, é modinha agora entre as jovens dizer: “Eu peguei fulano”, “quero pegar ciclano”...
A geração descartável está descartando até a dignidade. Desculpem, mas é muito feio ver uma mulher dizer que “pega” homens. O contrário é igualmente ridículo.
Os empregos também parecem nascer em árvores. Ninguém mais se compromete, querem apenas o salário no final do mês, querem algum poder e, pior, sem merecimento.
O que assusta é que essa geração um dia chegará ao poder, ao comando da Nação. Eles não respeitam nada, muito menos se dão ao respeito. Acham que serão jovens, saudáveis (?!) para sempre. Só pensam e vivem no universo da vaidade.
Mas, o que me incomoda mais do que assusta é que essa geração está contaminando a outra. Não, caro leitor, não a próxima, a anterior. Pessoas na casa dos quarenta estão tentando voltar ao passado e o caminho encontrado é copiar o comportamento dos mais jovens. Uma boçalidade incomparável na história da humanidade.
Objetivos de vida? Ah, claro, essa gente não tem. Aliás, vamos ser francos, essa geração descartável não se importa com o passado porque não respeita a experiência dos mais velhos. Não se importa com o presente, afinal, basta direcionar o olhar para o comportamento deles. E, sobre o futuro, o que eles pensam? Bem, não tenho medo de afirmar que eles o estão descartando.

