A cidade de Miami vai comemorar, no dia 2 de outubro, o centenário do
nascimento do paisagista Burle Marx, com uma super festa que, segundo os
organizadores, terá a cara do Brasil. Durante a celebração será inaugurada
placa em homenagem ao brasileiro, na Biscayne Blvd, a rua mais famosa
da cidade de Miami.
O evento é gratuito e terá como principal atração a banda Bossacucanova,
que virá diretamente do Rio de Janeiro. A festa também contará com show
de capoeira, batucada, passistas, comidas e muita diversão.
Uma das últimas obras do arquiteto antes de morrer foi a criação de
um novo desenho para a principal calçada da Biscayne Blvd. A criação foi
feita, a pedido da New World Foudation, em 1988. Em 2008, grande parte
do Biscayne Boulevard – New World Design foi completado.
Lauro Cavalcanti, Diretor do Museu do Paço Imperial, estará em Miami
para a comemoração. Ele é convidado especial do prefeito de Miami,
Manny Diaz.
Burle Marx: Biografia
Conhecido internacionalmente como um dos mais importantes arquitetos paisagistas do século 20, Roberto Burle Marx estudou pintura em Berlim, na Alemanha, no final dos anos 1920. Lá, ele era frequentador assíduo do Botanischer Garten Und Botanisches Museum Berlin-dahlem, o mais antigo jardim botânico alemão, fundado no século 17 como um parque real
para flores, plantas medicinais, vegetais e lúpulo (para a cervejaria do rei).
Esse jardim foi reformado no início do século seguinte e se tornou um dos
mais importantes centros de pesquisa em botânica da Europa. Foi lá, a mais de 10.000 km de sua casa no Rio de Janeiro, que o rapaz de 19 anos notou pela primeira vez a beleza das plantas tropicais e da flora brasileira.
De volta ao Brasil, ele continuou seus estudos na Escola de Belas Artes, no Rio. Os jardins planejados por Burle Marx eram comparados a pinturas abstratas, alguns bem curvilíneos, outros de linhas retas, usando plantas nativas brasileiras para criar blocos de cor.
Além de paisagista de renome internacional, ele também foi um pintor notável, escultor, tapeceiro, ceramista e designer de jóias.
Seu primeiro projeto paisagístico foi o jardim de uma casa desenhada pelos
arquitetos Lucio Costa (que projetou Brasília) e Gregory Warchavchik, in 1932.
Dali em diante não parou mais de projetar paisagens, pintar e desenhar.
Em 1949, Burle Marx comprou uma área de 365.000 m2 em Barra de Guaratiba,
no litoral do Rio de Janeiro. Ali começou a organziar sua enorme coleção de plantas. Em 1985, ele doou a propriedade à Fundação Pró-Memória Nacional, entidade cultural do governo federal que atualmente se chama
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Hoje em dia pode-se encontrar um jardim ou uma estufa projetados por Burle Marx em várias partes do mundo, como em Longwood Gardens (Filadélfia), na Universidade da Califórnia, na cobertura da sede de um banco paulista,
no aterro do Flamengo (Rio de Janeiro), em Caracas (Venezuela).
Mesmo sem ter uma educação formal em arquitetura paisagística, o aprendizado de Burle Marx na pintura influenciou a criação de seus jardins. Ele aceitava, embora de forma relutante, que “pintava” com as plantas. Mas seu trabalho não pode ser reduzido ao efeito pictórico e visual produzido por suas paisagens. Marx se autodefinia como um artista de
jardins.
Conhecido por sua preocupação ambiental e pela preocupação com a preservação da flora brasileira, ele inovou ao usar plantas nativas do
Brasil em suas criações e isso se tornou sua característica marcante. Foi ele quem valorizou as bromélias, por exemplo, e tornou-as populares:
hoje essas plantas naturais da Mata Atlântica se tornaram conhecidas e são cultivadas em viveiros para serem vendidas. O “estilo Burle Marx” tornou-se sinônimo de paisagismo brasileiro no mundo.